Rede Feminina de Combate ao Câncer: voluntárias que acolhem, inspiram e transformam vidas

Por Redação Hoje Centro Sul 7 min de leitura

Durante o Outubro Rosa, a Rede Feminina de Combate ao Câncer (RFCC) de Irati mostra a força do voluntariado: atua dentro do Hospital Erasto Gaertner, atende toda a região e constrói um espaço de acolhimento

Com a chegada de outubro, mês dedicado à conscientização sobre o câncer de mama, um trabalho ganha luz em Irati: o da Rede Feminina de Combate ao Câncer (RFCC). É dessa entidade que brotam histórias de doação, de companheirismo e de voluntariado, que unem pacientes, familiares, voluntárias, empresas e instituições.

A RFCC atua dentro da Unidade Avançada do Hospital Erasto Gaertner, atendendo pacientes oncológicos de toda a região – dos nove municípios da 4ª Regional de Saúde. Em parceria com campanhas como o X-Solidário, realiza obras de acolhimento, oferece apoio material e emocional, e prepara um jantar beneficente, no dia 31 de outubro, para angariar fundos.

Rede Feminina de Combate ao Câncer: voluntárias que acolhem, inspiram e transformam vidas
Foto: Divulgação RFCC

A força do trabalho coletivo

A coordenadora da RFCC em Irati, Ana Maria Bida de Oliveira Borges, lembra que a atuação da instituição começou com a inauguração da unidade do Erasto Gaertner, em outubro de 2017. “Somos 35 voluntárias que atuam aqui em Irati. Nossas principais atividades são: exercer ações em prol dos pacientes e seus acompanhantes; estabelecer parcerias com a comunidade e a sociedade em geral para gerar recursos para a manutenção da Rede e assim praticar o assistencialismo aos pacientes carentes, para que possam dar continuidade ao tratamento com dignidade e humanismo”, explica a coordenadora.

As voluntárias fazem o acolhimento e navegação dos pacientes dentro do hospital, além de educar a sociedade sobre prevenção e diagnóstico precoce do câncer, por meio de palestras, panfletos e outras iniciativas. Servir voluntariamente, para Ana Maria, é uma missão baseada em valores sólidos: “Na prevenção do câncer e acolhimento do paciente oncológico e seus acompanhantes, embasados na compaixão, empatia, ética, idoneidade, comprometimento, união, humildade e respeito à vida humana”.

Acolhimento diário e apoio material

Todos os dias, em média, 45 pacientes passam pela unidade. O carinho das voluntárias é o principal apoio, mas quando percebem necessidades específicas, elas entram em ação: “Sempre que identificamos alguma carência ou algum paciente pede ajuda, fornecemos fraldas geriátricas, alimentos, suplementos alimentares e material de higiene”, explica Ana Maria.

O paciente, quando internado no hospital Erasto Gaertner, tem tudo o que necessita. A coordenadora conta que o apoio que a RFCC oferece é para quando o paciente está em casa e precisa dar continuidade ao tratamento com dignidade. “Além do suporte prático, a Rede procura proporcionar momentos de alegria: presentes para mães em maio, lembranças para pais em agosto, mimos de Páscoa e, no fim do ano, as famosas cestas de Natal. Cada data é uma comemoração, um carinho com eles. O maior presente, na verdade, é para nós, voluntárias, que recebemos em forma de sorrisos e abraços”.

Os desafios da RFCC são frequentes e passam a ser combustível para o grupo. “Somos motivados e temos propósitos firmes no sentido de manter nosso trabalho e, para isso, constantemente recorremos a empresas e à sociedade para angariar recursos para o assistencialismo e demais atividades da RFCC”. A equipe está sempre em busca de novos voluntários que estejam dispostos a doar um pouco do seu tempo e talentos de maneira espontânea e responsável.

A colaboração com este trabalho da Rede pode ocorrer de várias formas, como o patrocínio às atividades, em forma de doações em dinheiro, material de higiene pessoal, alimentação, fraldas geriátricas, sabonete líquido e ajuda nas campanhas de arrecadação.

Vozes do voluntariado

As voluntárias da RFCC revelam o que pulsa por dentro desta missão. Simone Gryczynski Sedoski tornou-se voluntária em fevereiro de 2024, após se aposentar do trabalho em banco. “Sempre trabalhei em atendimento ao público e procurava ajudar as pessoas com informações, sugestões ou simplesmente um sorriso. Quando me aposentei, achei que poderia continuar levando isso aos pacientes”.

Nesta nova missão, ela relata emoções intensas. “O que mais impacta e emociona são os extremos. Tive a alegria de presenciar dois pacientes no dia da sua alta da quimioterapia. Vibrei com eles e com a família, e agradeci a Deus pela graça concedida. Mas também acompanhei situações difíceis… sempre me compadeço quando recebo a notícia de falecimento de um paciente”. Para ela, o sentimento é de que o paciente faz parte da família, pois no tempo de convivência, conhece suas lutas, fraquezas e medos. 

Simone diz que o voluntariado se tornou uma missão de vida. “Significa cumprir uma missão, devolver a Deus tudo o que recebo em dons, saúde e disposição. Doar tempo, levar uma palavra positiva, se importar com o outro é viver o propósito do Evangelho”, reflete ela que aconselha quem pensa em se voluntariar. “Só comece! Se tocar teu coração, não vai mais parar. A gente sai de casa achando que vai para ajudar, e quando retorna, a sensação é de que nós quem fomos ajudados”, detalha a voluntária.

Há três anos, Iolanda Kogut iniciou o voluntariado incentivada por uma amiga. O motivo foi também pessoal, pois o irmão, Henrique, em Joinville, enfrentava o câncer. “Não podendo estar próximo dele, aceitei o convite para poder dar atenção, apoio, afeto e confortar os pacientes daqui”. Ela ressalta como as datas comemorativas trazem momentos especiais nesta atuação. “Na Páscoa, Dia das Mães, Dia dos Pais, quando entregamos lembranças, muitas vezes, confeccionadas por nós, e principalmente, no final do ano, quando entregamos cestas de Natal, a felicidade estampada nos rostos dos pacientes é extremamente marcante”.

Iolanda descreve que é muito gratificante saber que pode estar fazendo diferença no atendimento e, até mesmo, no tratamento do paciente. “Desde recebê-lo na porta com um sorriso, ouvir sobre sua vida, ou trazer uma palavra de conforto do jeitinho que ele espera ouvir. Se estiver pensando em fazer trabalho voluntário, não tenha receios. Por menor que seja o gesto, se for com amor, sempre fará diferença”, incentiva a voluntária.

Quem foi acolhida, hoje acolhe

Na RFCC, as histórias de acolhimento e atendimento se misturam. Maria Eliane Drewnicki Kubilski, voluntária que também já foi paciente. Ela passou por dois anos de tratamento, com oito quimioterapias, 17 sessões de radioterapia e duas cirurgias. “Meu maior desafio foi enfrentar o medo”, define ela. Sua rede de apoio foi fundamental para superar este grande desafio de sua vida. “Deus, em primeiro lugar, e minha família, principalmente minha mãe, que me cuidou diariamente e me deu muita força”.

Maria Eliane decidiu transformar a experiência em missão. “Quando estava em tratamento, fiz um combinado com Deus: se conseguisse sarar, iria ajudar pessoas que já tiveram câncer. Pedi orientação ao meu médico, que me apoiou.”

Para ela, o acolhimento é essencial no diagnóstico e sua experiência contribui para ajudar quem está passando por este momento. “Saber dar colo, sem muitas perguntas, e se doar como alguém que está ali para ouvir dores e medos, porque nesse momento, você revive tudo o que passou. A cura está dentro de nós. Precisamos ter um motivo para ficar bem: um filho, um amor, um sonho. Não podemos desistir. Enfrentar a doença não é fácil, pois muitas vezes, sentimos, nos olhares de pena das pessoas, a morte antecipada.” Maria Eliane completa que esta é uma experiência que não deseja a ninguém.

Rede Feminina de Combate ao Câncer: voluntárias que acolhem, inspiram e transformam vidas
Foto: Divulgação RFCC

Fernanda Hraber

Rascunho automático