Combate ao feminicídio: Núcleos Maria da Penha ajudam mulheres a romper o ciclo da violência

Por Redação 3 min de leitura

A violência doméstica começa de forma sutil. Ela inicia com o aumento da tensão, quando o agressor se mostra irritado, faz ameaças ou quebra objetos. São comportamentos como esses que geralmente antecedem o ato de violência em si. Logo em seguida, pode aparentar que está tudo bem. Ele se mostra arrependido e promete mudanças, mas qualquer comportamento pode desencadear outra violação.

Esses atos não são isolados. É o que especialistas e pesquisadores chamam de “ciclo da violência”, agressões que se repetem e podem ter um desfecho fatal: o feminicídio. Por isso, é necessário que a agressão seja identificada e denunciada o quanto antes.

No Paraná, um dos instrumentos para a defesa das mulheres em situação de violência doméstica e familiar é o Núcleo Maria da Penha (Numape). A Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) abriga dois dos 11 núcleos presentes no estado – um fica em Guarapuava e outro, em Irati. O projeto financiado pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) oferece assistência jurídica e psicológica gratuita para mulheres em vulnerabilidade socioeconômica.
Como explica a advogada do Numape Guarapuava, Sabrina Ramos, o atendimento é disponibilizado para mulheres que possuem medida protetiva ou boletim de ocorrência contra seus agressores. “Nosso trabalho vem no sentido de empoderar a mulher para romper com o ciclo de violência. Através dos atendimentos, a mulher retoma sua autonomia e volta a se reconhecer como mulher, rompendo seus vínculos com seu agressor, reconhecendo que é capaz de conduzir sua vida sem aquele homem”, enfatiza.

Desde 2018, o Numape já atendeu mais de 900 mulheres em Guarapuava. Além do município, a equipe também presta atendimento para cidades vizinhas, como Campina do Simão, Turvo, Candói e Foz do Jordão. “Atualmente, o Núcleo conta com cerca de 500 processos judiciais ativos, e neste primeiro semestre de 2024 já foram prestados cerca de 600 atendimentos psicológicos”, complementa a advogada.

Já em Irati, somente em 2023, foram realizados 770 atendimentos jurídicos e 1440 atendimentos psicológicos. O Núcleo também atua na região, buscando garantir o acesso de mulheres à Lei Maria da Penha e promovendo uma escuta qualificada. “Com o atendimento psicológico, buscamos oferecer um espaço de escuta e acolhimento a essas mulheres, seja para elas elaborarem os sofrimentos provenientes da situação que viveram ou buscarem um fortalecimento para que tenham condições de se desvincular do agressor”, detalha a psicóloga do Numape Irati, Camila Boguchewski.

Combate ao Feminicídio no Paraná

Nesta semana, a lei que instituiu o Dia Estadual de Combate ao Feminicídio no Paraná completou cinco anos. A data, 22 de julho, faz referência à morte da advogada guarapuavana Tatiane Spitzner, vítima de feminicídio, em 2018.

Segundo os dados mais recentes do Anuário de Segurança Pública, o índice de feminicídios subiu 5% no Paraná de 2022 para 2023. Foram 83 casos registrados no estado somente no ano passado.
“Quando se fala em combate ao feminicídio, é importante entender que, de alguma maneira, quando um crime como esse ocorre, significa que todo o aparato de prevenção e enfrentamento à violência doméstica falhou. Datas como essa nos servem para lembrar o quanto aind

Publicado originalmente em: 05-ago-24

Fonte: Hoje Centro Sul