Qual a importância da escuta no combate ao abuso sexual de crianças e adolescentes?
“Seja a pessoa que ouve, acolhe e denuncia”, sugere uma campanha nacional que convoca toda a sociedade a não silenciar diante dos sinais emitidos por crianças e adolescentes que sofrem abuso sexual. Em Irati e nos municípios da região, instituições ligadas à assistência social buscam prevenir e identificar este tipo de crime que muitas vezes é cometido por pessoas próximas das vítimas
Sábado, 18 de maio, é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. A data que chama a atenção para a necessidade de mobilização social contra este crime, que ainda tem números alarmantes no país.
De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a cada 24 horas, 320 crianças e adolescentes são explorados sexualmente no Brasil. No entanto, esse número pode ser ainda maior, pois apenas 7 em cada 100 casos são denunciados, segundo a instituição. Além disso, o estudo destaca que 75% das vítimas são meninas e, em sua maioria, negras.
É preciso ouvi-las
O secretário de Assistência Social de Irati, Denis Cezar Musial, enfatiza a importância das orientações dadas às famílias para proteger crianças e adolescentes contra o abuso sexual. Ele comenta que é crucial entender que a maioria dos abusadores são pessoas de confiança da criança e que a maioria das denúncias feitas pelas por elas são verdadeiras. “Os dados revelam que 90% dos abusos ocorrem por pessoas próximas e de confiança da criança; e os dados científicos evidenciam que uma média de 92% das crianças fala a verdade. Acredite em seu filho. Não se cale sobre uma situação dessas, procure apoio do serviço da sua confiança”, orienta.
Denis ressalta o Conselho Tutelar é a porta de entrada para o atendimento desses casos. “Um dos primeiros passos é: acredite no que a criança está te contando e busque o Conselho Tutelar do município. Nessa situação, não se deve jamais prometer guardar segredo, fazer promessas que não pode cumprir, oferecer algo em troca para que a criança conte o que ocorreu, duvidar da história da criança”, enfatiza.
Combate ao crime
“Os casos de violação de direitos chegam até o Creas [Centro de Referência Especializado de Assistência Social] via Conselho Tutelar e a partir disso ocorrem os atendimentos da equipe técnica do Creas, composta por psicóloga e assistente social, que estarão atendendo a família para fortalecer a função protetiva da família e realizando os atendimentos necessários”, explica Mariane Zarpelon, coordenadora do Creas de Irati.
Ela também é psicóloga e especialista em Recursos Humanos e em Direitos Humanos e Movimentos Sociais e explica que os atendimentos especializados às vítimas e suas famílias para prevenir novas situações de violência.
Ao receber o encaminhamento do Conselho Tutelar, o Creas entra em contato com a família da criança ou adolescente para agendar os atendimentos iniciais. Posteriormente, são avaliados os encaminhamentos necessários, como serviços de saúde mental, habitação, educação e justiça. Os atendimentos são individualizados e orientativos, com o objetivo de superar
