Espaços para prática da fé e espiritualidade são aliados no tratamento e internações médicas

Por Redação 3 min de leitura

A rotina começa às 4 horas da manhã, quando um profissional de enfermagem entra para a primeira dose de medicação. Ao longo do dia, são pelo menos oito visitas das equipes de saúde para ministrar medicamentos. Uma vez ao dia, o médico vai ao quarto para avaliação das condições do paciente, conversar sobre os sintomas e orientar sobre procedimentos futuros. Esse tem sido o dia a dia do aposentado Rafael Antonio Garaffa, internado há mais de 80 dias no Hospital São Marcelino Champagnat, em Curitiba (PR).

Rafael foi internado no hospital devido a uma trombose no braço. Tratou da condição e se submeteu a uma nova cirurgia de gastroplastia, ou redução de estômago. Sua primeira operação ocorreu em 2011, em um hospital de Santa Catarina. Complicações subsequentes levaram a dificuldades para se alimentar, digerir e a episódios de hipoglicemia. Desde então, passou por mais quatro procedimentos cirúrgicos. 

Internado desde o início de dezembro de 2023, Rafael não apenas segue os cuidados médicos, mas também estabeleceu práticas para reforçar sua fé. “De segunda a quinta-feira, às 3h da tarde, participo do terço da misericórdia, na capela do hospital. Na sexta, assisto à missa, e nos fins de semana, gosto de ir à capela para rezar. Além disso, como sou católico, recebo a comunhão no meu quarto, de segunda a sexta-feira. A equipe da Pastoral que trabalha aqui vem distribuir o corpo de Cristo para todos os que pedem”, relata o paciente.

Para ele, o suporte espiritual é essencial para enfrentar o tratamento e os quase três meses de internação. “Ter fé nos dá coragem e força para enfrentar os desafios e adversidades da doença. Não é fácil ficar numa internação mais comprida, mas se a gente põe um sentido e se esse sentido é a fé, isso nos conforta, independentemente da religião ou crença”, reflete Rafael.

Medicina e espiritualidade 

Estudos demonstram os benefícios da espiritualidade e da fé em momentos de dificuldade de saúde. O médico Ronnie Ykeda, coordenador da Comissão de Cuidados Paliativos no Hospital Universitário Cajuru, atende pacientes com condições crônicas ou graves. Ele acredita que a fé é um diferencial. “A doença grave, por sua característica de ameaça à vida, é capaz de despertar no indivíduo uma espécie de ‘meditação sobre a realidade’, relembrando para nossa consciência uma característica fundamental do viver: a sua fragilidade. Tal situação pode desencadear no ser humano uma reflexão profunda sobre aquelas perguntas fundamentais: ‘de onde viemos?, ’para aonde vamos?’, e ‘qual o propósito da minha vida?’. Essa capacidade de reflexão, ou espiritualidade, é crucial durante o adoecimento, oferecendo conforto e podendo até influenciar positivamente o tratamento”, explica.

Por serem hospitais do Grupo Marista, o São Marcelino Champagnat e o Universitário Cajuru contam com atuação da Pastoral, trazendo a missão da Igreja à comunidade. Segundo a analista sênior do setor, Telma Rodrigues, o acolhimento é essencial para todos no ambiente hospitalar. “Paciente, familiares e profissionais de saúde buscam algo que possa nutrir sua espiritualidade e muitas vezes encontram na fé a solu&ccedi