Irati amplia rede de proteção contra a violência com a criação da Secretaria da Mulher, Criança e Idoso
No mês passado, ocorreu a campanha Agosto Lilás que, além de trabalhos de conscientização sobre o combate à violência, oficializou a criação da Secretaria da Mulher, do Idoso e da Criança (SEMUCI) em Irati
“Há seis anos conheci um rapaz na Internet e resolvi conhecer ele pessoalmente, esse foi o maior erro da minha vida”, afirma Ana Paula da Costa. Desde que começou a conviver com o namorado, ele conta que passou a ser vítima de violência e temeu ser morta.
“Ele me batia na cabeça, costas, mãos, onde ninguém via”, relembra. Assim como em muitos casos, o agressor a afastou de amigos e familiares. Até que um dia ela decidiu fugir para outra cidade para se ver livre do ex-companheiro.
Para evitar casos de sofrimento como a de Ana Paula, diversas iniciativas voltadas à proteção das mulheres ocorrem em Irati, foram reforçadas durante campanha Agosto Lilás e, no dia 25 de agosto, foi assinada pela prefeita em exercício, Ieda Waydzik, a Lei 032/2023 que institui a Secretaria Municipal da Mulher, Criança e Idoso (Semuci).
Sybil Dietrich será responsável pela nova secretaria e continuará também no comando da Secretaria de Assistência Social de Irati, acumulando as funções. “Queremos que as mulheres saibam as formas de combater essa violência, como fazer denúncias e mostrar a toda comunidade a nossa rede de atendimento e proteção para que saibam onde procurar ajuda”, explica Sybil.
A vice-presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, Maria Isabel Pereira Corrêa, que fez uma palestra durante a programação do Agosto Lilás, citou a importância da criação da Secretaria da Mulher em Irati e frisou que muitos casos de violência contra as mulheres estão ligados às questões culturais. “Esse trabalho é fundamental, é inadmissível que um estado como o Paraná, um estado rico, tenha tanta violência contra mulher, contra criança e adolescentes meninas. A questão do estrupo de vulnerável são questões tão sérias que nós temos que encarar de frente e que são difíceis, porque trabalham justamente com a questão cultural que é a família. Ter uma secretaria, uma gestão pública, que faça essa intersetorialidade com as outras secretarias é fundamental”, avalia.
A secretária de Estado da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa do Paraná, Leandre Dal Ponte explica como a violência contra as mulheres afeta outros setores da sociedade, atingindo todas as pessoas. “Até pouco tempo eu achava que esses problemas de violência contra a mulher não eram problema meu. Claro que é problema nosso, porque eu comecei a perceber as demandas que chegam, o pessoal pede mais delegacias de proteção à mulher, mais casa de acolhimento, mais auxílio. E vocês acham que o recurso para pagar tudo isso sai de onde? Sai do nosso bolso, um dinheiro que poderia estar sendo investido em outras coisas. É por isso que não podemos mais olhar com naturalidade para isso”, enfatiza.
A prefeita em exercício Ieda Waydzik também acredita que a violência tem de ser combatida. “A violência contra a mulher, nós nunca mais podemos aceitar. Nós temos que denunciar, nós temos que construir políticas que cada vez mais combatam essa violência. Isso é cultural e nós precisamos trabalhar a cabeça das nossas crianças, dos nossos meninos e das nossas meninas, porque o futuro depende de como eles vão ser educados, de como eles vão entender tudo isso que está acontecendo”, defende Ieda.
Atendimentos e rede de proteção

