Estreia nacional em Irati: Brasil arcaico, Ucrânia e relações familiares se encontram em novo documentário
Uma jornada pessoal iniciada no interior do Paraná e concluída na Ucrânia deu origem ao mais novo filme do diretor e produtor Guto Pasko, da GP7 Cinema. Com o documentário “Aldeia Natal”, ele parte de uma situação autobiográfica – a relação distante com os pais e a condição de descendente de imigrantes ucranianos – para montar um panorama sobre questões brasileiras e universais. Relacionamentos familiares, religiosidade, imigração, tradição cultural e a busca pelas raízes dos antepassados são alguns dos temas abordados pelo filme, que terá première perto de onde toda a história de Pasko começou.
Duas sessões especiais acontecem no início de agosto. A primeira delas será na próxima quinta-feira (dia 3/8) em Irati, no Cinema.com. Domingo (6/8) será a vez de Prudentópolis, no Cinemec. Em ambas as cidades, são cinemas de rua e localizados em regiões com forte herança ucraniana. A partir do dia 17 de agosto o filme entra em cartaz nacionalmente, nas principais capitais e algumas cidades do interior do Brasil, atravessando as fronteiras da aldeia ucraniana no Paraná.
O documentário foi filmado entre 2018 e 2019, com locações em Queimadas, área rural de Prudentópolis, e na Ucrânia. No país europeu, a equipe esteve na região oeste em novembro de 2019, distante dos territórios invadidos pelos russos, mas algumas das províncias visitadas também foram alvo de bombardeios recentes, como Lviv. A produção é de Andréia Kaláboa e Guto Pasko, sócios da GP7 Cinema.
Pasko já dirigiu sete longas-metragens documentais e a série televisiva “Contracapa”, além de dezenas de outros trabalhos. Seu primeiro longa de ficção, “Entrelinhas”, filmado no ano passado, foi selecionado recentemente para a mostra competitiva nacional do festival CINE PE 2023, que acontecerá de 4 a 9 de setembro em Recife.
Autoral e familiar
Com 98 minutos de duração, a obra retrata o retorno do cineasta Guto Pasko a sua “aldeia natal”, a bucólica Queimadas, e a busca por se reconectar com os pais, os irmãos e o legado histórico e cultural dos antepassados – imigrantes que fizeram parte das levas de ucranianos que vieram para o Brasil no final do século XIX. Este processo lento e gradual de reaproximação termina com uma viagem à Ucrânia, onde ele, o pai (João Pasko) e a mãe (Cecília Ternosky Pasko) percorrem aldeias isoladas procurando rastros dos antepassados que emigraram e parentes ainda vivos. Mais do que nomes em antigas lápides ou primos distantes, pelo caminho vão encontrando a união familiar desfeita por conta de discordâncias sobre religião, tradição e costumes.
Uma destas tradições, comum no interior do país até tempos recentes, é a de pagar promessas fazendo com que um dos filhos dedicasse a vida à igreja. No caso da família de Guto Pasko, profundamente religiosa, uma graça foi concedida e o escolhido para retribuir o favor divino foi ele, o mais velho de 11 irmãos. O jovem não aceitou a imposição e aos 11 anos saiu de casa, se mudando para Curitiba. Uma irmã mais nova, de apenas nove anos, foi então enviada para um convento, substituindo-o na promessa.
Identidade cultural
“Depois de 30 anos de distanciamento de meus pais e irmãos, e já ten

