13/03/2020
Quando começa a violência contra a mulher? E as desigualdades de gênero que levam à violência? Desde cedo muitas meninas ainda são preparadas por suas famílias para serem bem comportadas, para cuidarem dos afazeres domésticos, para não levantarem a voz para os outros como os homens fazem, para sorrirem e serem delicadas, mesmo que para isso tenham que se colocarem como inferiores aos meninos, simplesmente por serem mulheres.
São questões culturais, presentes na forma de pensar de grande parte dos homens e mulheres no Brasil, onde a sociedade patriarcal em que vivemos define como “certos” os papéis de domínio para os homens e os papéis de submissão para as mulheres.
Diante de paradigmas como estes, aceitos por muitos homens e por muitas mulheres que se julgam dependentes, a naturalização da violência psicológica é constante e a vítima é tida como culpada.
E o pior é que, muitas vezes, ela só passa a ser socialmente enxergada como vítima quando a violência se consuma, com o feminicídio. Então todos saem em protesto, mas já é tarde.
É por isso que cada vez mais o Dia Internacional da Mulher tem sido utilizado socialmente como um momento oportuno para a reflexão, para evidenciar que as desigualdades de gênero ainda são fortes e têm consequência direta sobre os números relacionados à violência.
Números estes que também são uma incógnita. Mais mulheres têm denunciado a violência e por isso os números aumentaram no Brasil? Ou os mecanismos de proteção não têm sido suficientes para evitar o aumento da violência contra a mulher?
Independente da resposta, na reportagem especial desta edição, o que as entrevistadas defendem é que homens e mulheres têm que se envolver no debate sobre as situações de violência e suas causas. Pois a mudança necessária para evitar a violência contra a mulher é cultural e social. E ainda temos muito a evoluir nestes sentidos.