13/12/2021
Mais de 300 produtores de tabaco de toda a região participaram, no último dia 03, da 1ª Conferência da Fumicultura em Rio Azul. Dentre os principais pontos debatidos, os destaques foram a negociação do preço do tabaco e medidas a serem tomadas para evitar a depreciação do valor do produto na hora da classificação.
“É mais do que nossa obrigação defender e cobrar melhorias, para que o produtor seja mais valorizado, que seu produto tenha mais valor quando chega lá na ponta, que é na hora da venda, que é aí que vai definir o rumo da vida do fumicultor”, afirma o prefeito de Rio Azul, Leandro Jasinski. Ele conta há mais de 2.500 famílias rioazulenses que se dedicam à produção do tabaco e que a cultura gera empregos e renda no município. “Hoje é difícil imaginar o que seria de Rio Azul sem a produção de tabaco, sem a produção de fumo, que já há muitos anos faz girar a nossa economia”, comenta o prefeito ao justificar a importância da conferência.
Os fumicultores José Natal Pichibileski e Alcéia Jacyszyn que, junto com a Prefeitura Municipal de Rio Azul organizaram o evento, citam que há muitos desafios para os produtores, como as 44 classes nas quais as folhas de tabaco podem ser classificadas. Eles esperavam que as empresas que compram o tabaco estivessem representadas na Conferência e participassem das discussões, o que não ocorreu. Apenas uma empresa enviou representante.
“Esperamos que a nossa voz seja ouvida, agora em dezembro começa a reunião de negociações e esperamos que as empresas olhem para nós. Pela quantidade de gente que está participando [da Conferência] é sinal de que não estamos satisfeitos, as pessoas não estão satisfeitas com o jeito com que as empresas estão pagando o acréscimo, o reajuste”, afirmou Natal Pichibileski.
Outro problema citado por ele é que os seguros agrícolas não atendem toda a demanda. “Nós produtores, ano após ano estamos vendo que cada vez está ficando mais complicado, não só a questão que está ficando caro produzir o fumo, o clima não está ajudando, as doenças são muitas e não estamos tendo um seguro em cima disso, que nós vamos plantar e vamos colher”, desabafou o produtor. Natal Pichibileski acredita que se não acontecerem mudanças, a cadeia produtiva do tabaco pode ser afetada e muitos produtores podem deixar de cultivar o fumo.
Alcéia Jacyszyn, também fumicultora, solicita o apoio governamental tanto para a produção de tabaco, como para a diversificação. “Nós pedimos o apoio, nós pedimos um olhar diferente de vocês autoridades, para defender nós fumicultores. A gente sabe que a visão da fumicultura, do fumo, é a do tabagismo, é a do câncer, mas temos famílias trabalhando para ter a renda. Defendemos a diversificação, eu sou diversificadora, tenho uma estufa de morango, mas precisamos de apoio com a diversificação, precisamos de mais técnicos”, enfatizou Alcéia.
O prefeito de Rebouças, Luiz Everaldo Zak também participou da Conferência e frisou o quanto a fumicultura é relevante no cenário regional. “Ela é muito importante para a economia dos municípios da região, principalmente Rio Azul, São João do Triunfo, Rebouças, tanto que os três prefeitos estão aqui. É importante para a nossa economia e é importante para a sobrevivência da agricultura familiar. Lá em Rebouças a gente não tem uma produção tão grande como Rio Azul, como São João do Triunfo, mas tem muitas famílias que trabalham com fumo. São em torno de 700 famílias, então a gente tem que lutar para que a fumicultura seja preservada como atividade econômica”, ressalta Zak.
Ele acredita que é preciso que haja maior controle e fiscalização da classificação da produção. “O ideal seria que a produção fosse comprada na propriedade, para que o produtor tivesse a opção de não aceitar a classe que muitas vezes é imposta pelas companhias compradoras, porque no final acaba, às vezes, reduzindo o ganho, a renda do produtor, e a renda do produtor é o que movimenta os nossos municípios”, enfatiza o prefeito.
Outros temas
Outros assuntos debatidos durante o evento foram a manutenção da rede elétrica – para que estes serviços não sejam feitos no período de colheita e secagem das folhas de tabaco, prejudicando os produtores; questões legais dos contratos de compra do tabacos às quais os produtores precisam estar atentos; o impacto financeiro de uma possível redução no cultivo do tabaco nos municípios; o futuro da fumicultura, dentre outras. Também, aconteceu uma palestra com o representante da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina, Francisco Eraldo Konkol e participação do representante da Comissão de Acompanhamento e Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Tabaco(Cadec), Mesaque Kecot Veres.
Encaminhamentos
Segundo o prefeito de Rio Azul, Leandro Jasinski, as propostas da 1ª Conferência da Fumicultura em Rio Azul serão encaminhadas às instâncias competentes.
“Vamos encaminhar as demandas para as empresas, para as fumageiras que negociam o tabaco. Também tivemos aqui representantes da Copel e é uma luta muito grande para eles mudarem o cronograma das manutenções das redes elétricas para que não ocorra interrupção no fornecimento da energia para o produtor agora, justamente neste momento que é o momento que precisa de energia para secar o fumo”, disse Jasinski.
O vice-prefeito Jair Boni citou que a realização da Conferência vinha sendo solicitada pelos agricultores de Rio Azul e toda a região. Disse ainda que espera que aconteçam melhorias após o evento. “Espero que esta primeira reunião tenha grande êxito e que os produtores saiam contentes com os propósitos que têm”, finalizou Boni.
Presentes
Também participaram do evento, o prefeito de São João do Triunfo (município maior produtor de tabaco do Paraná) Abimael do Valle, representantes de deputados estaduais e federais, o presidente da Câmara de Rio Azul Sérgio Mazur e outros vereadores, o ex-deputado Emerson Bacil, integrantes da Afubra, gerentes de cooperativas de crédito, famílias de produtores de tabaco de toda a região e imprensa.
Text: Letícia Torres/Hoje Centro Sul
Fotos: Ciro Ivatiuk/Hoje Centro Sul