22/05/2020
Com o confinamento domiciliar exigido para frear a propagação do coronavírus, as situações de estresse foram ampliadas pela convivência forçada e pelo medo do impacto da crise econômica no cotidiano familiar. A consequência imediata foi o aumento da violência doméstica no mundo inteiro e os mais frágeis, como as crianças e os adolescentes, estão entre os mais afetados pela pandemia. Nesta semana, o alerta para observar esse grande problema veio na segunda-feira, 18 de maio, que é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
Infelizmente, Irati segue a tendência do estado, do país e do mundo. A violência doméstica, de todos os tipos, também cresceu. Em 2019, nos meses de maio e abril, o total de crianças e adolescentes vítimas de violência física, psicológica e/ou sexual atendidos pelo Centro de Referência Especializado em Assistência Social, Creas, foi 14. Já neste ano de 2020, o número de crianças e adolescentes atendidos subiu para 25. Isso representa um aumento de 78% dos casos de violência, de todos os tipos em Irati.
É um número alarmante. Ele demonstra a fragilidade das famílias em atender crianças e adolescentes com o mínimo, a proteção aos seus direitos mais básicos, a manutenção de suas integridades física e psicológica. Mas, mais do que isto, este aumento da violência doméstica no mundo inteiro demonstra que falhamos enquanto sociedade, enquanto humanidade.
Indica que recomeçar é urgente e imprescindível. Mas como? Revendo valores e conceitos pessoais, dando exemplo.
Parece pouco, mas não é. Quando cada um decide fazer o que é certo, o que é justo e faz, tem início o processo de transformação social. É nas famílias que são dados os primeiros passos em busca de mais caridade e justiça. É educar sem agredir, sem usar da violência. É ponderar e ter serenidade para não descontar nos filhos os problemas trazidos do trabalho ou da falta dele. É saber dividir, seja o tempo ou o alimento.
Tolerar o outro nem sempre é fácil e, às vezes, recuar é a melhor forma para evitar a briga. Seja entre os adultos – que afeta a criança – ou com a própria criança ou adolescente, penalizando-os de forma desproporcional, conforme o humor do momento. Também é preciso relembrar que a rebeldia da adolescência é necessária para a formação da individualidade e que saber lidar com ela faz parte do papel dos pais. Entender que a rebeldia faz parte do processo de crescimento não significa deixar de corrigir o mau comportamento do filho, mas sim questionar-se constantemente para ter convicção quanto ao que é tolerável e o que não é.
Os tempos são difíceis para todos, com o isolamento social. Por isso, paciência, respeito e justiça nunca foram necessidades tão em evidência. É preciso cuidar do outro, sobretudo dos mais frágeis, como as crianças e adolescentes. Evitar qualquer gesto de violência em sua própria casa e estar atento ao que se passa na sua rua, no seu bairro, denunciando abusos e cobrando providências das autoridades são algumas das atitudes possíveis no combate a violência.