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Ações no Agosto Dourado incentivam o aleitamento materno

Em Irati, um encontro com gestantes terá a amamentação como tema. Conheça os benefícios para o bebê e para a mãe e como vencer as dificuldades da amamentação

21/08/2019

Ações no Agosto Dourado incentivam o aleitamento materno

Mesmo com diversas campanhas, apenas 39% dos bebês brasileiros de 0 a 5 meses possuem amamentação exclusiva pelo leite materno, sem nenhum outro suplemento. O número é menor que a média mundial (43%), que também é considerada baixa. Os dados são do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e da Organização Mundial de Saúde (OMS).

É para tentar mudar esse cenário que uma lei institucionalizou em 2017 o Mês do Aleitamento Materno, criando a campanha Agosto Dourado, com o objetivo de intensificar as ações de conscientização sobre a importância do aleitamento exclusivo.

Em Irati, na Santa Casa, a amamentação será o tema discutido com o grupo de gestantes na reunião mensal denominada Encontros da Vida. “As mães veem com muita dificuldade. Eu digo que amamentar é uma arte, porque não é fácil. Existe até uma questão psicológica da mãe, do bebê, de estar bem”, explica a enfermeira-obstetra e enfermeira responsável pela maternidade da Santa Casa de Irati, Genilse Aparecida Holtman Menon.

Benefícios

Um dos objetivos é mostrar às novas mamães que há benefícios em alimentar o bebê exclusivamente com leite materno até os seis meses, especialmente para o próprio bebê. “O leite materno é o alimento mais completo para o bebê, por mais que a indústria alimentícia tente trazer um alimento completo, o melhor leite não se compara ao leite materno, que é o leite vivo, que é feito especificamente para o estômago do bebê, é digerido com maior facilidade pelo bebê”, explica a fonoaudióloga Karina Ramilo de Jesus.

O ato de amamentar também ajuda a desenvolver a musculatura do bebê. “Desenvolve a musculatura de lábios, língua, bochecha, toda a musculatura oral, pelo trabalho da movimentação dos músculos, intra e extra orais para a sucção. Também trabalha toda a musculatura para as fases vindouras, para a mastigação, a parte da fala, então tem várias vantagens. Fortalece o sistema imunológico desse bebê. O aleitamento materno é como se fosse considerado a primeira vacina do bebê, então ele já recebe imunização através do leite materno também”, explica a fonoaudióloga.

E, além dos fatores associados ao físico, uma das principais vantagens é o vínculo criado entre a mãe e o bebê. “Acho que não tem coisa melhor do que isso para desenvolver ainda mais o vínculo com o bebê”, explica a enfermeira-obstetra.

Não é somente para o bebê que há benefício. Para o corpo da nova mamãe, a amamentação também pode ajudar. “Logo depois que ela ganha o bebê, a sucção vai estimular para que ajude o útero voltar ao normal, para que ela tenha menos risco de ter hemorragia, porque ele libera oxitocina para fazer com que contraia o útero. A mãe diminui também o peso, isso também é comprovado”, diz a enfermeira.

Ela acrescenta que a amamentação pode servir como um método anticonceptivo, isso porque durante a amamentação é produzido o hormônio prolactina, que impede a ovulação, diminuindo a chance de engravidar. No entanto, ela destaca que a amamentação precisa ser rigorosamente correta. “Desde que ela amamente exclusivamente, que amamente certinho, sob livre demanda, e sem dar nenhum tipo de complemento, a mãe não vai menstruar durante o período”, disse. Além disso, essa contracepção funciona especialmente quando a mulher ainda não menstruou. Se o bebê começar a mamar com intervalos maiores de 3 a 4 horas, o método pode não funcionar.

Dificuldades

Apesar de muitas mulheres quererem amamentar seus bebês, muitas desistem porque acabam tendo dificuldades durante o processo. As dificuldades surgem especialmente por causa da chamada “pega do bebê”, isto é, como o bebê encaixa a boca e a língua no seio da mãe, e como ele faz a sucção.

Segundo a fonoaudióloga, é preciso que essa pega seja a mais adequada.A boquinha do bebê tem que estar em formato de peixinho, abocanhando a maior parte da aréola, não diz toda porque algumas têm mais aréola. Não pode ter nenhum ruído ou estalo, porque no céu da boca do bebê tem que estar a mama. Se está conseguindo fazer esse barulhinho é porque alguma coisa ali está errada”, disse.

Esse modo adequado pode ajudar a prevenir as conhecidas rachaduras. “Fazer esse ajuste para evitar as fissuras, as rachaduras. Estar numa posição confortável para alimentar o bebê - tanto para o bebê, quanto para a mãe, porque muita gente prioriza o bebê, mas a mãe lá toda paramentada, com um monte de dificuldade. Tem que ser um momento prazeroso pros dois. Se hidratar bem, tomar bastante líquido pra produzir mais leite, se alimentar de tudo que for natural também, evitar produtos industrializados”, explica.

Genilse acrescenta que a Santa Casa de Irati não aceita chupetas e mamadeiras  entre os recém-nascidos exatamente para evitar que o bebê se confunda durante essa pega. “Principalmente a chupeta, se o bebê está com a pega errada, e fica sugando, ele vai sugar a chupeta, já tá com a pega incorreta, vai fazer uma confusão de bico”, disse.

Técnicas estimulam amamentação

As dificuldades no ato da amamentação podem ser vencidas com dedicação e também técnicas que estimulam a amamentação.

Uma delas é a técnica de translactação sonda-seio, onde uma sonda é colocada sob o seio da mãe. Uma das pontas é encaixada na boquinha do bebê e na outra ponta há uma seringa com leite, preferencialmente materno. “Conforme a sucção do bebê, pela gravidade, ele vai puxando e vai realmente saindo esse leite junto”, explica a fonoaudióloga. Com a sucção, o bebê estimula a mãe a produzir os hormônios de oxitocina e prolactina que ajudam na produção do leite materno. Ao mesmo tempo, o bebê aprende a exercitar a sucção.

Através dessa técnica, a equipe da Santa Casa conseguiu fazer com que uma tia amamentasse a sobrinha recém-nascida, após a mãe do bebê ter falecido. O caso aconteceu por volta de 2010. “Ela expressou a vontade de amamentar o bebê que estava na UTI Neo, era prematuro. (...) Para nós acabou sendo prazeroso e gratificante em poder ter ajudado e auxiliado. Assim como outras mães que tem interesse também pode acontecer”, conta.

Outra técnica também utilizada é a sonda-dedo, que segue o mesmo princípio de estimular o bebê a aprender a sugar. Uma sonda é acoplada ao dedo de um profissional ou da própria mãe. “Estimulamos o bebê com o leite, em algumas situações tira-se o leite da mãe para oferecer”, conta a fonoaudióloga. Com a estimulação, o bebê aprende a ter força para fazer a sucção na mama.

Acolhimento

A situação psicológica da mãe é um dos principais condicionantes para que o processo de amamentação aconteça de forma bem sucedida. “É diferente. Até mesmo pela questão psicológica. Como a mãe está, como passou durante essa gestação, como ela vem desenvolvendo, como foi tudo isso. Isso também acaba acarretando para ela dificuldades para amamentar”, conta a enfermeira.

O apoio da família é essencial neste processo. “Esse é o momento para que o pai esteja junto, a presença da família, incentivando e acompanhando. É um momento que, para a mãe, ela vai ficar mais tranquila, mais calma. Esse apoio que ela precisa”, disse.

Ao mesmo tempo em que o acolhimento é importante, especialmente numa rede de apoio, que pode ser formada por familiares, vizinhos e amigos, a fonoaudióloga também destaca que a amamentação não pode ser vista como algo obrigatório, e a mulher que tentou amamentar e não conseguiu não pode se cobrar muito. “É pensar algo que não seja imposto, porque nós mulheres, nas nossas inúmeras funções, nós somos muito cobradas e a partir do momento que a gente se torna mãe, nos sentimos cobradas por toda a sociedade”, comenta.

Ela destaca ainda que o acolhimento da equipe profissional também é importante, para mostrar que as dificuldades são naturais, mas podem ser superadas. “É mostrar realmente que esse processo é complexo, não é simplesmente vem e pronto. Tem muitas questões envolvidas, que é difícil mesmo no começo, não é igual na mídia. Eu brinco na palestra que eu dou para as mães, que ela está bela e formosa, a Juliana Paes, maquiada, no meu super sofá, com o bebê meio andando e abocanha o peito. Não é assim. Realmente é difícil, mas tem que persistir, perseverar e passa. E fica tudo mais fácil e prazeroso”, disse.

Leite fraco?

Uma das situações que também ocorre durante o processo é que muitas mães pensam que seu leite é fraco e por isso acabam, ou complementando a alimentação antes dos seis meses, ou até mesmo não amamentando mais.

Segundo a fonoaudióloga, o que acontece é que o leite materno é digerido com mais facilidade pelo bebê, que acaba querendo mais leite em mais intervalos de tempo. “[O leite] chega no estômago do bebê, não encontra dificuldade para digerir, digere rápido e [o bebê] vai querer mamar novamente. E esse é o ciclo adequado, diferente dos leites artificiais, que não é preparado para o estômago do bebê e acaba trazendo algumas dificuldades para a digestão”, explica.

A pega também pode ser a razão que faz com que muitos bebês acabem mamando por pouco tempo e, consequentemente, perderem peso. “O bebê mamou cinco minutinhos e dormiu e pronto. O neném não fez toda a mamada. Não ganha peso. Ele pega só o leite da frente. Ele vai saciar a sede dele, mas o leite que é para nutrir, para engordar, fica lá atrás da mama. Ele tem que tirar todo esse leite. Ele não conseguiu obter esse leite, vai perder peso, não vai engordar, a mãe vai dizer que o leite é mais fraco. ‘Vou tirar e vou complementar com outro leite’. Mas muitas vezes é só a forma de mamar”, disse a enfermeira.

Encontro na Santa Casa de Irati

O Encontro da Vida com o tema Amamentação será feito na terça-feira (20), às 14h, na Sala de Reuniões da Santa Casa de Irati. As vagas são limitadas para 20 gestantes e cada uma pode levar um acompanhante. A inscrição pode ser feita pelo Whatsapp (42) 99957-2988.

Texto: Karin Franco

Fotos: Pixabay, Karin Franco/Hoje Centro Sul 

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