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Estelionatários invadem contas de WhatsApp para pedir dinheiro

No novo golpe, estelionatário fingem ser usuários do WhatsApp e pedem dinheiro aos contatos. Golpe já fez vítimas iratienses

14/06/2019

Estelionatários invadem contas de WhatsApp para pedir dinheiro

Iratienses estão entre as vítimas de um novo golpe que tem sido aplicado através do WhatsApp. No golpe, o estelionatário invade a conta do WhatsApp do usuário. Após invadir, o estelionatário, fingindo ser o usuário, pede dinheiro a vários contatos disponíveis na conta.

Segundo a Polícia Civil do Paraná, no estado já são 68 casos tramitando apenas no Núcleo de Combate aos Cibercrimes (Nuciber). “Conforme a situação,têm sido enquadrados como Invasão de dispositivos informáticos e até Estelionato – quando contatos das vítimas recebem solicitação de dinheiro”, explica Demétrius Gonzaga, delegado titular do Nuciber.

Em Irati, um dos usuários que teve sua conta de WhatsAppinvadida foi o advogado Everton DivanorLeal de Jesus. O golpe iniciou na tarde do dia 28 de maio e ele conseguiu recuperar sua conta à noite. “Depois que eu entendi que o golpe é bem simples. Se nós não tivermos atentos à situação, se tiver ocupado, no dia a dia temos várias coisas na cabeça, você está trabalhando, recebe uma mensagem dessa, quer se livrar e passa uma informação sem olhar pela segunda vez”, disse.

Invasão

O advogado explica que a invasão aconteceu após fazer um anúncio de venda na plataforma OLX. A plataforma enviou um e-mail dizendo que era necessário revisar o conteúdo para fazer a publicação.

“Eu reeditei e mandei de novo. Na sequência, acho que foi uma diferença de 20 minutos, eu recebi uma mensagem através do WhatsApp, onde a pessoa do lado de lá se dizia da Superintendência da OLX e que para validar o anúncio, eu precisava validar o código que eu receberia, a partir daquele instante em uma mensagem de SMS, mensagem de texto. Eu disse ‘Ok’ e na sequência veio a mensagem. Mas na verdade não foi ele que mandou, depois eu descobri. A mensagem que eu recebi tinha o código. Eu digitei pra ele. Dei o código pra ele, e larguei meu celular. Não voltei a usar”, disse.

Enquanto o advogado imaginava que estava passando dados para validar um anúncio, a realidade é que o estelionatário estava tentando redefinir a senha do WhatsApp.

No golpe, o estelionatário usa dois telefones com acesso ao WhatsApp. Em um, o estelionatário manda a mensagem fingindo ser de alguma companhia, pedindo o ‘Ok’. Quando a pessoa manda o ‘Ok’, com outro celular com acesso ao WhatsApp, o estelionatário coloca o número da pessoa e pede para enviar o código. Muitas vezes, o celular não precisa do chippara que o WhatsApp funcione, o que ocorre neste caso. O WhatsApp manda o código para a pessoa. Acreditando que o código foi mandado pela companhia, a pessoa passa o código de acesso ao aplicativo para o estelionatário, sem perceber que está caindo num golpe.

O estelionatário por sua vez, usa o código para entrar no perfil. Ele não consegue ver as mensagens anteriores, mas tem acesso a todos os contatos disponíveis na conta. É nesse momento que o golpe começa a acontecer.

Golpe

Depois de uma hora sem usar o telefone, Everton estranhou quando tentou acessar o WhatsApp e não conseguiu. “Na mensagem dizia que havia outro aparelho conectado na minha conta, para poder reativar teria que inserir o código novamente”, disse.

Everton tentou readquirir a conta e acabou recebendo uma ligação do WhatsApp que lhe repassou um novo código. “Só que eu ainda não estava entendendo o que havia acontecido. Procurei um técnico aqui da cidade que disse que possivelmente tinha sido hackeado”, conta.

Enquanto Everton não conseguia recuperar a conta, o estelionatário aplicava seu golpe nos contatos. O golpista fingia ser Everton e dizia aos contatos que estava com alguns problemas financeiros e pedia se a pessoa não podia fazer um depósito. A outros, o golpista dizia que tentava fazer uma transferência e que não conseguia fazer, e pedia se o contato poderia ajudar.

Os amigos de Everton começaram a estranhar quando o golpista enviava a conta para o depósito, que tinha nome diferente. Foi quando começaram a ligar para Everton perguntando se era verdade. “Primeiro foi um primo meu de São Mateus do Sul que mandou mensagem através do Messenger do Facebook, dizendo: ‘É você mesmo que está me pedindo dinheiro?’. Foi aí que comecei a entender: alguém hackeou e a pessoa está usando para pedir dinheiro para os meus contatos”, disse.

Everton começou então alertar seus contatos. No Facebook, alertou que seu telefone havia sido invadido. Aos amigos, esclarecia que era um golpe. Mas as tentativas de alerta não funcionaram para todos, especialmente para contatos que Everton não tinha intimidade e também com pessoas que faziam parte de grupos de WhatsApp. Um de seus contatos acabou caindo no golpe e depositou cerca de R$ 1 mil na conta do golpista.

Após descobrir que tinha caído num golpe, o contato de Everton fez um Boletim de Ocorrência e tentou recuperar o dinheiro, mas não conseguiu. “O golpista tirou o dinheiro da conta 20 minutos depois da transferência. Ele já tinha um esquema montado”, disse.

Recuperação

Everton conseguiu recuperar sua conta no WhatsApp apenas durante a noite do dia 28 de maio. “Eu tentei acessar mais uma vez, o WhatsApp pediu um novo código, eles me mandaram outro código via SMS para acessar o aplicativo. E quando eu digitei o código, acredito que bloqueou para ele [golpista]. Que eu recebi a mensagem do aplicativo dizendo que ficaria 10 horas com a conta inativa e que só no outro dia receberia uma nova senha.No outro dia de manhã, recebi a senha do WhatsApp, entrei com a senha, mas ela pediu uma segunda senha”, disse.

Foi então que ele começou a atender no que consistia o golpe. “Quando vamos cadastrar pela primeira vez, a plataforma nos manda a senha para o aparelho via SMS. Quando você digita essa senha, teu aparelho está cadastrado naquela conta com o número que você está usando. E o ideal é fazer uma 2ª senha, chamada PIN, que não há forma do golpista clonar”, disse.

O advogado realizou um registro de Boletim de Ocorrência na Delegacia de Polícia de Irati. Logo em seguida, ele enviou um e-mail para o WhatsApp pedindo a suspensão da conta, com o Boletim de Ocorrência anexado, e depois para a plataforma OLX, onde informou sobre o golpe.

Prevenção

O delegado titular do Nuciber, Demétrius Gonzaga, alerta que este tipo de golpe é comum.“Segundo observamos nos "modus operandi", os furtos de sinal ou clonagens têm se consolidado após as vítimas receberem um contato de alguém que, se dizendo funcionário de operadoras de telefonia ou de alguma serviço de comércio eletrônico solicitarem um código - de 6 números - que a vítima recebera via SMS, da operadora a que está vinculada, momentos antes desse contato”, conta.

Por isso a prevenção é evitar passar dados através dessas mensagens. “Se, injustificadamente, receber esse código, sem que tenha solicitado, nunca repasse para ninguém, principalmente se receber, logo em seguida, alguma ligação de algum dos serviços mencionados anteriormente”, alerta.

Caí no golpe, o que fazer?

Se a pessoa acabar caindo em um golpe similar é preciso tomar algumas atitudes. A primeira é procurar uma Delegacia da Polícia Civil. “Procurar uma delegacia para fazer um Boletim de Ocorrência, comunicando o fato. Se possível, peça a algum dos contatos que recebeu solicitações em nome da vítima que lhe repasse o printscreeen dessa mensagem, para ser entregue à Polícia”, explica o delegado.

O outro passo é tentar suspender a conta. “Envie e-mail para support@whatsapp.com, informando que o aparelho foi perdido ou roubado, ao mesmo tempo em que solicita a imediata desativação da conta; e ainda, o número do telefone com os códigos de áreas - inclusive do país (BR = 55) e da cidade (p. ex. Curitiba 41)”, disse.

Outras orientações também deverão ser dadas com as operadoras de telefonia. “As demais orientações, para reativação de um novo chip e do aplicativo, por serem um pouco mais complexas poderão ser obtidas através de contatos com as respectivas operadoras de telefonia. Considere apenas que, adotados tais procedimentos o serviço de WhatsApp, poderá ficar inativo por até sete dias, até ser disponibilizado, novamente, para utilização”, alerta.

Texto: Karin Franco

 fotos: Reprodução,  Karin Franco/Hoje Centro Sul

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