09/05/2019
A tarefa de educar exige tempo, paciência, senso crítico, respeito e persistência. Não é tarefa das mais fáceis e as dificuldades surgem todos os dias, através de pequenos conflitos no dia a dia da convivência familiar ou discussões acaloradas. Éem casa que as crianças e adolescentes precisam ter claros valores, precisam aprender a aceitar que não é não, que o mundo não gira em torno de suas vontades, precisam saber o que é consumismo, terem orientações para distinguir o que é usar a tecnologia para o entretenimento sem se entregarem ao vício de ficar horas e horas diante de um celular ou computador em jogos. Entretanto, neste mesmo ambiente doméstico comandado pelos pais,estas crianças e adolescentes também precisam se sentirem seguras, amadas e livres para desenvolver seus potenciais.
Parece complexo? E é mesmo. Dosar afeto, disciplina e valores corretos exige persistência para identificar a cada dia, a cada nova fase do desenvolvimento intelectual e moral dos jovens, a melhor fórmula para educar, auxiliando-os a crescerem. Quando há preocupação familiar verdadeira para estimular a convivência social harmônica, ensinar a importância do trabalho no desenvolvimento de habilidades, dar bons exemplos, a tendência é que aos poucos, a educação vá moldando bons pensamentos e as atitudes corretas.
Entretanto, nem todas as famílias são suficientemente estruturadas para poderem transmitir segurança e valores socialmente adequados a seus filhos. A formação psicológica das crianças e adolescentes acaba delegada à escola, aos amigos de idade similar, às redes sociais e lhes falta o alicerce forte, que garanta o desenvolvimento equilibrado. A tendência é que o desafiar os pais, os professores, a sociedade, se transformem em um jogo de autoafirmação constante. Um jogo onde o fazer bullyingé um dos fatores que externa a falta de limites e de valores. E pior, um jogo em que vítimas e ofensores, por vezes, alternem os papéis no uso da violência psicológica. Isto gera o medo, o conflito e a sensação de que nada vale a pena.
Em meio a este cenário complexo de falta de afeto e segurança, de famílias desestruturadas, de convívio social conturbadoe de necessidade de autoafirmação, entender o que leva um jovem a não medir as consequências de seus atos parece algo palpável. Daí a protagonizarem atos de delinquência ou crime também soa como possibilidades plausíveis. Teria sido isso que aconteceu em Suzano? Não podemos afirmar, embora esta série de fatores familiares e sociais de desequilíbrio seja muito mais convincente do que o hábito de participar de um jogo eletrônico violento para explicar o problema. Mas refletir sobre o tema, educar e oferecer afeto são caminhos bem mais difíceis do que simplesmente culpar um jogo e proibi-lo.