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Região centro sul se mobiliza contra bloqueio na marcação de consultas em Curitiba

Munícipios na região não conseguem fazer novas marcações de consultas usando vagas da rede municipal de Curitiba. Prefeitos elaboram documento pedindo ajuda do Governo Estadual

22/02/2019

Região centro sul se mobiliza contra bloqueio na marcação de consultas em Curitiba

O bloqueio de Curitiba para a marcação de consultas e exames através de sua rede municipal fez com que lideranças da região elaborassem um documento pedindo o auxílio na revisão deste bloqueio.

O documento foi assinado por prefeitos, secretários de Saúde, e 4ª Regional de Saúde, na sede da Associação dos Municípios Centro Sul do Paraná (Amcespar), em Irati, na sexta-feira (15). Já nesta segunda-feira (18), o documento foi entregue, em Curitiba, ao secretário de Estado da Saúde, Carlos Alberto Gebrim Preto (Beto Preto).

No documento, os municípios da Amcespar elencam as dificuldades que o bloqueio trará à região, que não possui muitas especialidades, e explica a necessidade das consultas para melhorar a disponibilização de vagas para os moradores da região.

Bloqueio

Atualmente, as consultas especializadas e exames são marcados no estado por dois sistemas, custeados com recursos do Ministério da Saúde: o MV e o E-Saúde.O MV é um sistema estadual, onde todas as regionais têm acessos às vagas que estão disponíveis na região e no estado.

O E-Saúde é um sistema municipal de Curitiba. Nele são disponibilizadas vagas da rede de Curitiba. Como Curitiba não usava 30% das vagas, ela “emprestava” para o restante do estado que poderia utilizar para marcação de exames e consultas de média e alta complexidade, indisponíveis na rede estadual.

No entanto, no início de fevereiro, algumas marcações de consultas e exames já começaram a ter bloqueio. Na última semana, já não havia a possibilidade de marcação, segundo a 4ª Regional de Saúde.

Ação política

Segundo o presidente da Associação dos Municípios Centro Sul do Paraná (Amcespar), prefeito de Inácio Martins, Júnior Benato, o bloqueio deverá prejudicar a região que possui defasagem na área de saúde. “Nós não temos nem o profissional qualificado, o profissional hoje ele quer estar nos grandes centros. Curitiba é nossa referência, até pela regional ser próxima de Curitiba, e o profissional especializado gosta de estar numa cidade grande, que tem tudo a oferecer para esses profissionais. Nem temos esses profissionais qualificados ou credenciados aqui pela nossa regional, de Irati, ou outro hospital de referência da região. Então, imediatamente não teremos soluções”, disse.

Júnior Benato ainda afirmou que a ação política para reverter o fato tem sido feita, como a entrega do documento ao secretário estadual. “Logo após a reunião, eu tive uma conversa com o vice-prefeito de Curitiba, que acolheu a demanda, que seja imediatamente protocolado o documento na Secretaria de Saúde do Estado do Paraná, uma cópia desse documento para que ele já tenha uma ação nos bastidores, com o seu secretário de Saúde, do munícipio de Curitiba”, relata.

O diretor administrativo do Consórcio Intermunicipal de Saúde, Luís Fernando Zanon de Almeida, destacou que a entidade está disponível aos municípios. Ele comentou que uma das soluções seria aumentar o número de consultas através do Consócio, no entanto, isto aumentaria os custos. “Podemos buscar isso com mais profissionais para atender, ou aumentar o número de consultas que temos. Só que isso para o município tem um custo, porque o município tem que pagar essas consultas. E as consultas que estavam sendo feitas na capital, em Curitiba, elas não eram pagas pelo município. Ela era custeada pelo Governo Federal”, disse.

Para ele, ainda é cedo para pensar em alternativas porque não se sabe o motivo do corte. Mas destacou que os 24 consórcios de saúde do Paraná se reúnem, nesta semana, para pedir ajuda financeira do estado. “Vamos nos reunir, todos os diretores, para que façamos algum documento para o governador, para que faça um co-financiamento dessas consultas que hoje foram cortadas de Curitiba”, explica.

Regionalização

O diretor da 4ª Regional de Saúde, Walter Trevisan, cumprimentou os municípios e as entidades pela mobilização frente ao bloqueio, contudo, destacou que a ação política não é a única que precisa ser realizada.

Para ele, é necessário regionalizar a saúde. “Nós temos dificuldades regionais que precisam ser tratadas. Há uma necessidade de repactuação, com todos os serviços que disponibilizam aqui dentro [da Regional]. E essa preocupação, vai ser tratada agora, tecnicamente, para que construamos agora esse plano regional, e juntamente, claro, com os prestadores de serviço. E depois vamos ampliar numa discussão macro, que envolve Ponta Grossa, vai envolver Guarapuava, para que possamos dar conta de suprir essas marcações de consultas e dar a devida importância para média e alta complexidade, que está neste momento sendo afetada com a interrupção dos agendamentos”, disse.

O objetivo é que se descentralizem algumas consultas e exames de Curitiba, para que possam ser feitos dentro da área da 4ª Regional de Saúde, ou próximo, como já ocorre em alguns casos. “Temos hemodiálise, que é uma complexidade alta aqui, temos vários serviços que são feitos na Santa Casa. Hoje nós já temos credenciados serviço de ressonância no Agnus Dei, que está prestando serviço ao SUS”, explica.

O diretor destacou que os municípios precisam mapear o que pode ser feito na região e repactuar com os prestadores de serviço. “A média complexidade, em várias especialidades, está deixando de ser atendida aqui na nossa região. Às vezes existem serviços que podem ser desenvolvidos aqui. Por que isso não está acontecendo? Então, temos que sentar com os gestores, com os profissionais e avaliarmos qual a resolutividade. Não é justo que algumas pessoas saiam daqui, se desloquem 150 quilômetros pra ir fazer um procedimento que poderiam estar fazendo aqui dentro da nossa regional, dentro do município, ao lado de casa”, disse.

Curitiba

ASecretaria Municipal de Saúde de Curitiba destacou, em nota oficial, que não foram feitos bloqueios totais das consultas a outros municípios. “A Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba informa que segue prestando atendimentos à população de outros municípios do Paraná de acordo com o que determina o Plano Diretor de Regionalização do Estado do Paraná (PDR)”, disse.

No entanto, destacou que Curitiba atendeu mais do que os 30% previstos. “A cidade vinha atendendo acima do previsto no PDR. No ano passado, das 166,1 mil internações realizadas em hospitais de Curitiba, 64, 6 mil (39%) foram para pacientes que não residem em Curitiba. Também em 2018, 47% dos atendimentos de alta complexidade realizados em serviços de saúde de Curitiba foram para pacientes de outras cidades. O PDR é aprovado pela Comissão IntergestoresBipartite do Paraná”, finaliza nota.

O que acontece com as consultas e exames?

O bloqueio atinge apenas a marcação de novas consultas e exames usando a rede municipal de Curitiba. De maneira prática, o que houve é uma redução das vagastotais no estado, já que as vagas da rede estadual ainda podem ser ocupadas.

Quem já tiver marcado sua consulta, continua com a vaga. Aqueles que já estãoem tratamento serão atendidos como retorno agendado pelo próprio prestador [médicos, clínicas, hospitais, etc]. Os pacientes que estão esperandoserão auditados e encaminhados para a fila da rede estadual.

G-SUS

O bloqueio acontece no momento em que o estado está implementando um novo sistema de marcação, o G-SUS. A 4ª Regional de Saúde é uma das regionais-piloto na implantação e técnicos já realizaram treinamento do sistema.

Esse novo sistema deverá substituir o sistema MV, e terá a inclusão da Alta Complexidade, hoje ofertada por Curitiba. Assim, os municípios terão apenas um sistema para marcar as consultas.

Números da 4ª Regional de Saúde

Pela rede estadual, através do sistema MV, foram 47.949 consultas agendadas no ano passado.

Desses, 8.312 pacientes tinham agendamento e não foram para a consulta ou foram, mas o prestador não deu baixa no sistema dentro do período correto (15 dias), fazendo o paciente ser colocado como faltoso.

No sistema e-Saúde, pela rede de Curitiba, foram 1.441 consultas por mês no ano passado.

A fila de espera para consultas pelo e-Saúde é de 1.352 pacientes na região.

A fila de espera no sistema MV, da rede estadual, é de 11.876 pacientes até janeiro de 2019.

Texto/Foto: Karin Franco/Hoje Centro Sul

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