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Irati remaneja médicos depois de saída de cubanos do Mais Médicos

Remanejamento foi realizado para normalizar atendimentos nos locais onde os profissionais cubanos atuavam no município. Na próxima semana, três médicos já selecionados a partir do novo edital devem começar a atuar em Irati.

03/12/2018

Irati remaneja médicos depois de saída de cubanos do Mais Médicos

O encerramento da participação de médicos cubanos no Programa Mais Médicos fez com que municípios repensassem a distribuição dos médicos para realizar os atendimentos da área de Atenção Básica, enquanto novos médicos não assumissem os postos de trabalho.
Em Irati, o remanejamento dos profissionais será realizado até a próxima semana, quando os selecionados pelo novo edital começarão a atuar no município.
Ao todo, Irati possui quatro médicos no Programa Mais Médicos. Uma das vagas é ocupada por um médico brasileiro. As demais eram ocupadas pelos médicos cubanos Annelis Leon Perez - que atendia em Guamirim -, Luis Vicente Garcia Gomez - que atendia Gonçalves Júnior -, e Alcis Alidamig Corrales Robert – que atendia no Joaquim Zarpellon. Eles estavam no município desde abril do ano passado. 
Para normalizar os atendimentos nas unidades, médicos foram remanejados. “Os médicos Dr. João Marcos e a Dr. Patrícia Sikora já estão atendendo as comunidades para não ficar sem o atendimento”, explicou a secretária de Saúde de Irati, Magali Camargo, em uma coletiva de imprensa na segunda-feira (26). Dr. João Marcos atuará dois dias da semana em Guamirim e outros dois em Gonçalves Júnior. Já Dr. Patrícia no Joaquim Zarpellon. 
A secretária ainda destacou que a medida foi feita para não deixar a população desassistida. “Não é integral. Mas não deixamos desassistidos”, disse.
 

Edital


Após a saída dos médicos cubanos, o Ministério da Saúde publicou um edital para que médicos brasileiros, com registro nos Conselhos Regionais de Medicina, pudessem se inscrever. Foram mais de 8 mil vagas e três delas foram destinadas à Irati.
Em coletiva de imprensa, a secretária de Saúde de Irati disse que os três médicos já foram selecionados em Irati. Eles são: Patrícia Sikora, Adriana Morais Carvalho e José Valencio Machado. As duas médicas são de Irati, sendo que uma delas já está atuando no Joaquim Zarpellon. O outro médico é de outro município não divulgado.
Apesar de selecionados, os médicos ainda não estão confirmados no programa. Isso porque o município precisa conferir a documentação e preencher um formulário de aceite. O formulário é preenchido em um site liberado nesta terça-feira (27).
Após isso, os médicos precisam se apresentar na segunda-feira, 3 de dezembro, para iniciar os trabalhos.
De acordo com a secretária, há ainda uma quinta vaga que não havia sido preenchida no município. “Uma vaga em aberto que a médica solicitou a saída e não foi preenchida essa vaga pelo Ministério da Saúde. Embora tenhamos feito essa solicitação oficial, mas não havia a abertura de edital para completar o quadro”, explicou. O município solicitou novamente a ampliação da oferta de vagas pelo programa.
 

Pagamento


Um dos pontos polêmicos do Programa Mais Médicos era em relação aos salários dos médicos cubanos. Segundo o Ministério da Saúde, o programa remunera os profissionais com uma bolsa-formação de R$ 11,8 mil, além de uma ajuda de custo inicial de R$ 10 e R$ 30 mil para deslocamento para o município de atuação. As prefeituras precisam custear apenas moradia e alimentação. Essa remuneração é para todos os médicos.
No entanto, a bolsa-formação dos médicos cubanos era pago para a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), com quem o Brasil tinha o acordo. A Opas repassava 70% para o governo cubano e outros 30% ficava com o médico cubano.
Segundo a secretária, a prefeitura pagava apenas a moradia e alimentação para os médicos em Irati. “Quando o município assinou o pagamento com os Mais Médicos, o salário profissional era custeado pelo Ministério da Saúde e o custo de moradia e alimentação, custa em torno de 2.700 reais. Este é o custo que a prefeitura tinha, com cada médico”, explica.
Ainda não há confirmação, mas a previsão é que os médicos que serão selecionados no novo edital recebam a bolsa-formação, o auxílio de deslocamento e também auxílio de moradia e alimentação.
 

Atendimento


Outro ponto discutido após a saída dos médicos cubanos é o atendimento, elogiado pela população atendida. A secretária explicou que o trabalho positivo com a população faz parte da formação do médico cubano. “Em Cuba, a especialidade deles é o atendimento primário. É o trabalho com a prevenção, é o trabalho com a rede primária, o básico mesmo. Então eles tem um know-how para trabalhar com a Estratégia de Saúde da Família, talvez pela experiência porque vivenciam sempre isso”, explicou.
Ela ainda comparou com o modelo da Espanha que também preconiza a prevenção. “Talvez se tivéssemos o Mais Médicos espanhol também seria desse formato que lá trabalham muito também a atenção básica. Lá você indo em qualquer lugar, onde eu tive a oportunidade de conhecer, todos sabem o que é atenção básica, onde eles devem se referenciar. Lá não é o médico. Nós temos que descentralizar o atendimento com o médico. É a equipe. Nós temos uma equipe da Estratégia da Saúde da Família que é composto por enfermeiro, dentistas, técnicos, agentes e o médico, obviamente”, relatou.
A secretária ainda destacou que o município tem este tipo de atendimento, no entanto, ainda está defasado. Ao todo, o município tem apenas seis Estratégia da Saúde da Família (ESF), sendo que o ideal seria ter 16 ESFs. “O programa em si, é muito bom. Nós temos que fazê-lo acontecer como está previsto”, disse.
Ela ainda agradeceu o atendimento prestado pelos cubanos. “Quero também deixar meu agradecimento aos três médicos pelo serviço que eles prestaram à comunidade, ao município, um serviço relevante”, disse.
 

Presenças


A coletiva de imprensa realizada na prefeitura de Irati também foi acompanhada pelos vereadores Roni Surek, Alberto Schereda e José Bodnar.

Saída de cubanos


No dia 14 de novembro, Cuba anunciou a saída do país do Programa Mais Médicos, que permitia que médicos cubanos atuassem nos municípios brasileiros, sem prestar o Revalida (Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior Estrangeiras).
Após a saída, o presidente eleito Jair Bolsonaro anunciou que os médicos cubanos que desejarem ficar poderão pedir asilo. Os médicos que pedirem asilo só poderão atuar na medicina com a aprovação no Revalida, previsto para ser realizado em março do ano que vem.
Um novo edital foi publicado para substituir os mais de 8 mil cubanos que trabalhavam no Brasil.

Na região


Municípios da região também possuíam médicos cubanos no atendimento básico. Segundo o edital aberto neste mês, 12 vagas que eram de cubanos serão preenchidas na região da Amcespar. O município com mais vagas é Irati, com três médicos.
Em seguida, Imbituva, Mallet, Prudentópolis e Rebouças possuem duas vagas cada. Inácio Martins terá apenas uma vaga a ser preenchida.

Texto: Karin Franco

Foto: Karin Franco/Hoje Centro Sul

 

 

 

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