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É possível prevenir o suicídio: Setembro Amarelo propõe ações para discutir o tema

28/09/2018

É possível prevenir o suicídio: Setembro Amarelo propõe ações para discutir o tema

Enquanto o suicídio segue sendo um assunto sobre o qual se fala pouco, o número de pessoas que tiram a própria vida avança silenciosamente. No Brasil, o índice perde apenas para homicídios e acidentes de trânsito entre as mortes por fatores externos (o que exclui doenças). Em todo o mundo, entre os jovens, a morte por suicídio já é mais frequente que por HIV. Entre idosos, assim como entre pessoas de meia-idade, os índices também avançam. 
Para conscientizar sobre a necessidade de prevenção acontece todo ano a campanha Setembro Amarelo. Em Irati, várias atividades integraram a campanha, como a 1ª Caminhada de Valorização da Vida realizada na manhã de terça-feira (25). “Fizemos muitas palestras nas escolas, fizemos também entrevistas nas rádios. No último domingo também foi feito uma tarde no parque, onde contamos com o psicólogo Elias, com o psiquiatra Lucas Batistela, a psicóloga Rafaela do Cras”, destaca o Paulo Cesar Strujak, coordenador do Centro de Atenção Psicossocial (Capes) de Irati. 
Ele conta que a 1ª Caminhada de Valorização da Vida saiu da sede do Capes e seguiu até a Colina Nossa Senhora das Graças, onde vários balões foram soltos.  “Não para comemorar, mas sim, para conscientizar a população sobre a importância de você olhar para o próximo, de você praticar empatia”, explica Paulo Cesar.
Realizada pelo Capes, a campanha de prevenção do suicídio teve o apoio do grupo Voluntaria, do serviço de Assistência Social, do Centro de Referência de Assistência Social (Cras), da 4ª Regional de Saúde, do Consórcio Intermunicipal de Saúde, da Unicentro e dos médicos psiquiatras da cidade. “Estamos fazendo essa campanha há três anos e esse ano, conseguimos várias parcerias, juntamente com todos os municípios da região que estiveram presentes na campanha de prevenção contra o suicídio”, relata o coordenador do Capes.
Outras atividades devem acontecer até o dia 30 de setembro. “Quinta- feira haverá uma capacitação para os profissionais de saúde promovida pela 4ª Regional de Saúde. Na Unicentro também realizamos uma blitz para a população acadêmica no período da tarde. No dia 26 terá uma mesa redonda para o público noturno na Unicentro e no dia 28 vai ser a do Capes, que será na Câmara de Vereadores, com palestras dos psiquiatras Drº. Ladislau Obrzut e o Drº. José Cleber, que é médico do Capes”, comenta Paulo Cesar.
 

Iniciativa

Iniciativas como a do Setembro Amarelo trazem à tona a discussão sobre as doenças psíquicas. “Nós devemos estar atento às pessoas que estão ao nosso redor, porque o sofrimento psíquico não é tão palpável, ele não é tão visto. Uma dor física ela é sentida e logo passa, e a dor emocional não, ela persiste por um longo tempo”, diz.
Ele também enfatiza a importância de prestar atenção em pessoas que possam ser possíveis suicidas. “Muitos escondem isso, mas eles dão sinais. E isso nós percebemos. É só prestar atenção no que eles falam. São frases de alerta que precisamos investigar, dar um pouco mais de atenção para aquela pessoa, para ver qual o grau de sofrimento que ela está passando e não julgar. Simplesmente escutar e oferecer ajuda”, comenta.
 

Qual é o perfil de um suicida?

Um estudo realizado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) analisou dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade Brasileira (SIM), Dataus e IBGE entre os anos de 2000 a 2012 no Brasil. Durante a análise constatou que as pessoas que mais se suicidam no Brasil são aquelas cuja escolaridade é baixa, indígenas e homens com mais de 59 anos. 
O Mapa de Violência também aponta um crescimento nos números de suicídio entre os jovens. O número é grande em se tratando de pessoas do sexo masculino. As chances de um homem cometer suicídio é cerca de 3,7 % maior que as mulheres, de acordo com o estudo realizado pela UFBA. 
Mas, grande parte das pessoas que cometem suicídio são pessoas da terceira idade. “Geralmente os idosos acabam sofrendo com uma solidão muito grande ao final da vida. A maioria de seus amigos e pessoas queridas já se foram, há diversas limitações físicas, o que acaba se tornando um problema de saúde mental, como a depressão, que é uma porta de entrada ao suicídio”, explica o psiquiatra Lucas Batistela.
Outro período em que existe mais incidência de casos de suicídio é na juventude. Nesse período, o fato se torna ainda mais alarmante. “Os jovens, ainda muito imaturos, são impulsivos e têm uma resposta exacerbada a eventos que ainda não estão acostumados a lidar como, por exemplo, o término de um relacionamento, bullying na escola. O uso de drogas nessa faixa etária é algo muito preocupante, o que também acaba levando a esse quadro”, conta Lucas.
 

Como identificar um suicida?

O suicídio costuma acontecer porque a pessoa tenta, através da morte, tirar uma dor. “’Em geral, as pessoas que cometem o suicídio estão passando por algum problema de saúde mental, associados a fatores psicológicos como a dificuldade ou a impotência em lidar com eventos altamente estressantes”, explica o psiquiatra.
Segundo Lucas, algumas doenças favorecem o suicídio. “Em geral são mais propensas pessoas com quadro de depressão, esquizofrenia, transtorno afetivo bipolar e dependentes químicos”, diz.
Os sintomas que caracterizam uma pessoa suicida aparecem de muitas formas. De acordo com o psiquiatra, um deles é a mudança drástica no comportamento. “Os sintomas são variados desde uma desmotivação muito grande até mesmo uma excitabilidade exacerbada. Em geral fiquem atentos a mudanças muito drásticas de humor. Isso é um sinal de alerta”, explica o psiquiatra.
É preciso também ficar atendo com o que é dito. Pessoas que têm tendências suicidas normalmente dão sinais pela fala. “Outra coisa a se atentar são aquelas pessoas que costumam dizer frases como ‘tudo seria melhor se eu não estivesse aqui’, ‘só me matando mesmo’, ‘eu não sirvo para nada’, entre outras nesse sentido. Isso pode ser um pedido de socorro antes da realização do ato”, diz Lucas. 
 

Como ajudar um potencial suicida?

Um suicida só tem um pensamento: ele quer morrer. E nesse momento é importante ter cuidado ao abordar o assunto. É necessário ouvir atentamente a pessoa, deixando que ela conte a sua história e os seus motivos. “A primeira coisa é não julgar, pois os problemas dela por mais simples que possam nos parecer, na realidade dela pode ser uma coisa aterrorizante. Então converse bastante e principalmente escute o que ela tenha a dizer. Diga frases motivacionais, incentive ela a sair de casa, praticar esportes”, explica Lucas.
Segundo Lucas, todas as pessoas podem oferecer ajuda. “Todos podem ajudar de alguma forma, mas o difícil mesmo é a percepção para tocarmos nos pontos certos motivacionando a pessoa, ou mesmo perceber que a pessoa está com o emocional tão fragilizado a ponto de cometer o suicídio. Escutar realmente a pessoa e uma boa conversa sempre é muito bem vindo e faz toda a diferença nessas horas”, comentou.

Precisa de ajuda?

O Centro de Valorização da Vida (CVV) realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo de forma voluntária todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo.
Pode-se entrar em contato:
- Por telefone discando 188 – ligação gratuita
- Por telefone (24 horas): discando 141 – ligação sujeita a cobrança;
- Por chat, email, chat e voip: Acesse o site www.cvv.org.br e escolha a opção;

Texto: Silmara Andrade

Fotos: Silmara Andrade/Hoje Centro Sul

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