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Falta de vacinação acende alerta vermelho na saúde

Surto de sarampo no norte do país e alerta do Ministério da Saúde sobre poliomielite chamam atenção para os índices de vacinação. Preocupação é que sem imunização suficiente, doenças erradicadas voltem ao país

11/07/2018

Falta de vacinação acende alerta vermelho na saúde

O alerta vermelho está aceso no setor da saúde pública no país. Um dos motivos é que a falta de vacinação da população em geral pode trazer novamente doenças que estavam erradicadas no país.

Um dos exemplos é o sarampo. Em 2016, a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas)certificou o Brasil como país livre da doença. No entanto, neste ano, segundo a Agência Brasil, os estados de Amazonas, Roraima e Rio Grande do Sul já confirmaram casos da doença.

Os casos do norte do país são os mais graves. Juntos, os Amazonas e Roraima já contabilizam mais de 500 casos. Na quinta-feira (5), a Secretaria de Saúde de Manaus, no Amazonas, confirmou a morte de um menino de sete meses em virtude do sarampo.

Outra doença é a Poliomelite, erradicada do Brasil desde 1990, mas que membros do setor se preocupam que ela volte, já que a porcentagem de vacinação ainda é menor do que a meta imposta.

Ainda não há casos da doença no país, mas na última semana, o Ministério da Saúde divulgou um alerta junto com uma lista com mais de 300 cidades que estão com menos de 50% da população com idade inferior a um ano imunizada. Na lista, estão oito municípios paranaenses, entre eles, Castro, Ivaí e Ipiranga.

Para a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde (PNI), Carla Domingues, os municípios que estão com imunizações abaixo da meta em qualquer vacinação possuem risco de contaminação. “O risco existe para todos os municípios que estão com coberturas abaixo de 95%. Temos que ter em mente que a vacinação é a única forma de prevenção da Poliomielite e de outras doenças que não circulam mais no país. Todas as crianças menores de cinco anos de idade devem ser vacinadas, conforme esquema de vacinação de rotina e na campanha nacional anual. É uma questão de responsabilidade social”, disse.

Irati

Em Irati, o cenário se repete. Mesmo com uma melhora nos últimos dois anos, o município ainda possui imunização abaixo da meta preconizada pelo Ministério da Saúde. “No ano passado conseguimos atingir a cobertura somente da BCG, da Pneumo 10 e do Rotavírus. Isso porque a do Rotavírus cobra uma cobertura de 90%. Se fosse 95%, não teríamos atingido”, conta a coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Irati, Denise Homiak Fernandes.

Os exemplos podem ser vistos nas vacinas que protegem contra as doenças que voltam a assustar o país. A tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba ou rubéola, tem como meta estipulada em 95%. Mesmo assim, a vacinação ficou em torno de 90% nos dois últimos anos.

Na poliomielite, a cobertura em 2016 era de 75,86% e aumentou no ano passado para 94,12%. Mesmo chegando muito perto da meta, o número é considerado abaixo do que o preconizado.

De acordo com a coordenadora, a situação se repete em outros tipos de cobertura vacinal. “Não viemos de uma série histórica boa de cobertura vacinal aqui em Irati. Nós não conseguimos atingir nem a do calendário básico – aquelas para menores de um ano – nós não conseguimos atingir a cobertura, e esse ano continua abaixo do que o recomendado. Não é uma ou outra vacina, são praticamente todas”, conta.

Resistência

Denise conta que há uma resistência de vacinar principalmente as crianças, apesar de que o Estatuto da Criança e Adolescente garante a vacinação aos menores de idade e uma lei estadual obriga a vacinação para realizar a matrícula nas escolas.

Ela destaca que a resistência vem de um público teoricamente mais informado. “Nós observamos que a recusa não vem da população mais humilde, com instrução escolar mais baixa. Essa resistência às vacinas está sendo apresentada pela população que tem um grau de escolaridade mais alto. Nós temos observado essa questão em Irati também”, comenta.

Segundo a coordenadora, a resistência vem por diversas razões. “Tem os que falam das reações, que ficam com dó das crianças porque apresentam algum tipo de reação vacinal, tem os que acham que o sistema imunológico da criança não é suficientemente desenvolvido para receber essa carga de vacinas”, explica.

Sistema imunológico

A coordenadora ressalta que todas as ações realizadas dentro do Programa Nacional de Imunização são baseadas em estudos. “Foram feitos estudos, o organismo da criança, mesmo os prematuros, o sistema imunológico dela é capaz de absorver a carga de vacinas que é administrado”, relata.

Além disso, estudos comprovam que o sistema imunológico da criança é capaz de produzir anticorpos mesmo com aplicação de muitas vacinas ao mesmo tempo. “A carga maior é aos dois meses, aos quatro meses, e aos seis meses. Com dois meses, tem a vacina da pneumocócica 10 valente, do rotavírus, tem a pentavalente - que são cinco tipos de doenças que estão contempladas na mesma vacina - e tem a da poliomielite. Oito tipos ao mesmo momento. É a carga maior que fazemos. Não vai sobrecarregar, o sistema imunológico é capaz de produzir anticorpos de todas essas sem problema nenhum”, disse.

Uma das únicas contraindicações segundo a coordenadora é que a criança não tenha uma infecção ao se vacinar. “Se estiver passando por um quadro febril ou infeccioso se espera resolver esse caso para depois levar a criança para vacinar. Tem alguma ou outra contraindicação mais específica, mas o próprio funcionário da sala de vacina vai avaliar para se administrar”, conta.

Para Denise, é importante que os pais se conscientizem e levem os filhos para se vacinar, já que muitos vírus erradicados aqui ainda circulam em outros países. “Estão colocando em risco que todas essas doenças voltem. Na Venezuela, está circulando difteria, sarampo, pólio, e os venezuelanos estão vindo para o Brasil.A rota que fazem pode passar pelo Paraná. O Paraná está sujeito a ter casos.Europa e Estados Unidos têm muitos casos circulando também”, disse

Aberto ao meio-dia

A unidade da Secretaria de Saúde em Irati está aberta no horário do meio-dia para a realização de vacinas. Denise Homiak Fernandes conta que no começo do ano, a sala de vacinas chegou a estar aberta até às 19h, mas que houve pouca adesão da população. “Nós tivemos uma experiência no começo do ano, se não me engano, de funcionar em um horário estendido, até às 19h, 20h. Mas nesse tempo em que a sala de vacina ficou aberta foi muito pouca procura. Se optou por tirar esse horário porque não teve adesão da população”, conta.

Cidades com menores coberturas

Veja a lista de cidades do Paraná com imunização abaixo de 50% em crianças de menos de um ano:

Cidade

Imunização (%)

Carambeí

5,43

Castro

6,88

Piraí do Sul

9,25

Ivaí

25,79

Sengés

28,47

Porta Amazonas

39,22

Ipiranga

40,70

Campo do Tenente

44,53

 

Texto: Karin Franco/Hoje Centro Sul

Foto: Pixabay

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