09/07/2018
Aquilo que se temia, começou a acontecer. Com baixos índices de imunização, o risco de que doenças erradicadas do país voltem está alto. Em algumas não é apenas risco, mas uma realidade. É o caso do sarampo que já fez sua primeira vítima fatal no estado do Amazonas: um bebê de sete meses.
O norte do país sofre um surto com mais de 500 casos no Amazonas e Roraima. Na outra ponta do país, está o Rio Grande do Sul que confirmou esta semana a sétima pessoa com sarampo no estado.
Junto a isso, um alerta do Ministério da Saúde jogou luzes aos baixos índices de vacinação contra poliomielite, causadora da paralisia infantil.
Os baixos índices de imunização, especialmente com crianças, resultam de muitos fatores. Um deles é o medo de o corpo da criança não aguentar, apesar de médicos e enfermeiros mostrarem estudos que comprovam que as crianças conseguem produzir anticorpos ao receberem diversas vacinas ao mesmo tempo.
O outro são as reações às vacinas. Muitos pais acreditam que as reações podem ser fortes e piorar a situação do bebê. Contudo, novamente médicos e enfermeiros tentam conscientizar sobre a segurança da vacina e que não há perigo em vacinar seus filhos.
Muitos pais que evitam ou temem as vacinas são conhecidos por fazer parte do Movimento Antivacina, uma reunião de pessoas que acreditam que de alguma forma a vacina pode prejudicar o organismo. O movimento tem ganhado popularidade com a internet e vem sendo propagado no Brasil nos últimos anos.
O movimento ganhou notoriedade na década de 1990, quando um estudo feito pelo médico britânico Andrew Wakefield e publicado na revista Lancet apontava que um determinado tipo de vacina contra o sarampo poderia ser uma das causas do autismo. O estudo foi largamente divulgado e fez aumentar o temor às vacinas. No entanto, a partir de 2004, a teoria começou a ser desmentida, descobrindo-se até que o médico teria ignorado que as crianças não apresentavam o vírus do sarampo, como havia sido dito anteriormente. Em 2010, o Conselho Geral de Medicina do Reino Unido julgou o médico como inapto para o exercício da profissão e a revista que publicou o estudo se retratou por publicar o estudo com conclusões erradas.
Mas nada disso adiantou para parar as teorias e medos sobre a vacina. O movimento aumentou e vem criando preocupações, não só no Brasil, como também em outras partes do mundo. A facilidade de obter informações faz com que muitos não consigam selecionar suas fontes de informações e entender o que pode ser mentira ou não.
No entanto, o problema atual não é apenas de saber se uma informação é verdadeira ou não. Mas sim, se uma atitude vai salvar uma vida ou não. Em casos de saúde, preferir acreditar na informação da vizinha ou da internet, ao invés de uma informação de um profissional que dedica sua a vida a isso, é uma enorme irresponsabilidade.