25/05/2018
A greve dos caminhoneiros chega ao seu 5º dia com grandes impactos na sociedade. Um dos primeiros sinais foi o desabastecimento no comércio.
Em Irati, o temor de que o combustível acabasse fez com que filas de automóveis se formassem nos postos de combustíveis desde quarta-feira (23). Muitos postos chegaram a fechar, já que não havia mais combustível nas bombas.
Na alimentação, o mesmo ocorreu. Supermercados começaram a registrar aos poucos um leve desabastecimento ainda na quarta-feira. Produtos como carne, leite e hortifrúti foram os primeiros a serem afetados. No entanto, apesar da falta de alguns produtos, grande parte das mercadorias ainda está disponível aos consumidores.
Segundo o gerente de um dos supermercados da rede Ivasko, Eliel Lopes Pinto, a preocupação principal é com o hortifrúti. “Até hoje de manhã[quinta] estávamos mais tranquilos, ontem [quarta] a procura foi muito grande por mercadoria. O pessoal realmente se assustou com as notícias do desabastecimento, mas é preocupante. Podemos ficar desabastecido. Por exemplo, o nosso hortifrúti. Nós recebemos carga três vezes por semana - segunda, quarta e sexta-, já não recebemos na quarta e com certeza não vamos receber amanhã [sexta]. Então o hortifrúti vai ser o primeiro setor na loja a ficar desabastecido e depois os alimentos básicos”, disse.
A carne também é um dos itens que está começando a faltar. “Como nós temos produtor de suíno na cidade, facilita um pouco, mas o bovino também só tem o que está no balcão. Creio que amanhã [sexta] até às 10h da manhã, carne bovina não vai haver mais. Com isso é uma corrente, você pensa daqui a pouco não vai ter pastel porque não vai ter carne moída, daqui a pouco não vai ter nada assado, nada frito porque vai acabar o gás. Então realmente é bem preocupante, até não é demais falar que quem puder se abastecer com pelo menos uma semana teria que pensar nisso”, aconselha.
Uma das saídas que o supermercado encontrou para garantir o fornecimento de alimentos a todos é a limitação de que cada cliente possa comprar apenas 5 itens do mesmo produto.
Um dos proprietários do G-Center, Marcos Rogério Griczinsk, também destacou que já estão faltando alguns itens, especialmente no hortifrúti, que mesmo possuindo quase 50% de fornecedores locais, também há produtos do Ceasa. “Já está acontecendo a falta de algumas mercadorias, principalmente as mercadorias perecíveis que têm a reposição mais rápida. Elas tem a validade muito curta. Sempre você tem que ter pouco estoque delas. A parte de hortifrúti é a que tem sido atingida mais diretamente”, relata.
As lojas também têm sofrido com desabastecimento de carnes, mas o fato de haver fornecedores regionais está ajudando no abastecimento. “Com o açougue nós temos alguns fornecedores regionais, com a carne suína, a própria carne bovina, vamos conseguir ter alguma coisa, o frango temos algum estoque, mas ele é um produto que é todo ele de fora, acredito que vai ser o item que vai ter uma falta mais rápida”, conta.
Mesmo assim, ele destaca que ainda que há produto para esta semana. A preocupação é com a próxima semana. “Essa semana ainda vai conseguir superar. Ela se prolongando mesmo até fim de semana a greve, ela vai impactar nas outras semanas, na parte de laticínios, iogurte, de reposição mais periódica”, alerta.
Apesar disso, ele destaca que o fim de semana ainda contará com itens disponíveis aos consumidores. “Alguma coisa vai faltar, mas a grande maioria ainda tem disponível”, destaca.
Paraná
A falta de produtos também atinge cidades maiores. Segundo balanço do Sindicombustíveis-PR, Guarapuava estava completamente sem combustível no final da tarde de quinta-feira (24) - nem diesel, álcool ou gasolina. O mesmo ocorreu com Ponta Grossa.
Já em União da Vitória, a escassez foi completa de etanol e gasolina. Restavam pequenos estoques de diesel no fim de quinta-feira.
Em Curitiba, a situação é mais complicada. Alguns motoristas conseguem furar os bloqueios. Contudo, segundo o Sindicombustíveis-PR, os grevistas passaram a atuar com apoio de motoboys, que cercaram alguns caminhões e os fizeram estacionar às margens da rodovia. No caso do diesel, existem estoques um pouco maiores em Curitiba, mas a situação também é grave.Dos 350 postos do município, a grande maioria já estava sem gasolina e álcool no início da noite de quinta-feira.
Texto: Karin Franco/Hoje Centro Sul
Foto: Ciro Ivatiuk/Hoje Centro Sul