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Irati pretende solucionar o problema do aterro sanitário sem fazer o transbordo do lixo

20/04/2018

Irati pretende solucionar o problema do aterro sanitário sem fazer o transbordo do lixo

A Prefeitura de Irati irá lançar um edital de chamamento público com o objetivo de encontrar uma empresa que usa o lixo como matéria-prima. Segundo a secretária de Meio Ambiente e Ecologia, Magda Adriana Lozinski, a empresa seria uma alternativa ao transbordo proposto para solucionar o problema do aterro sanitário de Irati.

No ano passado, o Ministério Público (MP) e o Município de Irati firmaram um termo de ajuste de conduta (TAC) para que o funcionamento do aterro fosse encerrado ainda em 2017. No final do ano, MP e Instituto Ambiental do Paraná (IAP) prorrogaram o prazo para até 31 de maio deste ano.

Com o prazo final terminando, uma das soluções encontradas no final do ano passado foi o transbordo do lixo para outra cidade, o que acarretaria em aumento de custo e também da taxa de lixo.

Agora, uma nova alternativa encontrada é a possibilidade de doar o lixo para uma empresa que usa tecnologia para transformá-lo em outro produto. “Vamos fazer um edital de chamamento para empresas interessadas em pegar esse lixo, que hoje é levado para o aterro, e fazer uma transformação, utilizando tecnologia”, comenta a secretária.

Critérios

As empresas deverão obedecer a diversos critérios como:  resíduo zero e menor tempo para implantação.

De acordo com a secretária, um dos principais aspectos é o de menor tempo. “Um dos critérios que vamos levar bastante em consideração é a questão de implantação. O tempo de implantação da unidade, da tecnologia, do sistema, da empresa, que a gente ainda não sabe como será no munícipio”, disse.

A intenção é que a empresa consiga ajudar o município a resolver o problema de onde o lixo será colocado dentro do prazo dado pelas instituições. “O nosso problema é atingir o prazo instituído pelo Ministério Público. Quem se instalar antes, vai solucionar nosso problema junto ao Ministério Público”, explica.

Já sobre o resíduo zero, a intenção é que a empresa utilize a maior quantidade possível de lixo, não deixando resíduos a mais. “Vamos optar por uma solução tecnológica que não gere resíduos. Quanto menos resíduo gerar, melhor. Mesmo transformando o lixo, se a empresa tiver algum resíduo, para onde ela vai mandar isso?”, comenta.

Biodiesel ou energia

Segundo Magda, o edital serve para diversas empresas que trabalham com a transformação do lixo. “Várias empresas hoje transformam esse resíduo em biodiesel ou energia. Essa é a nossa intenção. Essas empresas que detêm essa tecnologia, através do tratamento do resíduo, elas acabam gerando biodiesel ou até mesmo energia.É para essas empresas que queiram de alguma forma absorver esse resíduo”, relatou.

O objetivo é que essa seja a alternativa de menor custo. “É tirar o nosso custo através da doação desse lixo, de levar esse lixo, que eles queiram esse resíduoque para nós é um problema, mas que para empresa é a matéria-prima e que é dessa matéria-prima que ela tira o lucro”, disse.

Ainda não há definições de como isso funcionará, já que a empresa não foi escolhida. No entanto, para a secretária, essa é a melhor alternativa. “Nós contamos com a solução do chamamento público porque sabemos que hoje no mercado existem várias empresas tentando essas tecnologias, tentando essas soluções, e a gente vislumbra que alguém se interesse pelascaracterísticas, pela quantidade daqui do nosso município”, relata.

Transbordo

No entanto, se não houver nenhuma candidatura, a alternativa encontrada ainda será o transbordo do lixo para outra cidade. “Caso não consiga essa empresa e o MP disser que não pode mais, a opção é o transbordo do resíduo”, alerta.

A secretária afirma que esta deverá ser uma solução temporária, até que Irati possa encontrar outra solução para o lixo. “O transbordo não é o que a municipalidade quer, ou o prefeito quer. Ninguém quer. Mas diante da situação, poderá ser uma das medidas a serem adotadas”, disse.

Outro aterro

O atual aterro sanitário, localizado no Pinho de Cima, tem sofrido diversos problemas ao longo dos anos como a falta de licença ambiental e estar em área de litígio judicial. O Ministério Público e o IAP notificaram diversas vezes a prefeitura de Irati em relação à situação do aterro.

Uma das primeiras soluções buscadas pela administração municipal foi tentar encontrar uma área para fazer outro aterro sanitário. Porém, o munícipio esbarra em dificuldades.“As áreas hoje do munícipio têm alguma barreira ambiental. Dentro de toda a legislação ambiental, as áreas tem que estar atendendo questões de lençol freático, corpo hídrico, áreas do entorno, tipo de solo. Às vezes, aquela área não está próxima de rio, nem o lençol freático está perto, mas tem a questão de uma floresta nacional próxima”, explica a secretária.

Um dos exemplos está no bairro Riozinho, onde uma área da prefeitura está próxima de um manancial de abastecimento do Rio Potinga. Se o município instalasse o aterro nessa área, corria o risco de contaminar o rio que abastece Rio Azul e Rebouças.

Entenda

Há mais de 20 anos o lixo de Irati é transportado para o aterro sanitário localizado no Pinho de Cima. Nos últimos 10 anos, o aterro tem funcionado de forma irregular, já que a licença ambiental expirou em 2007. O IAP e o MP já notificaram diversas vezes o munícipio devido a esta questão.

Outro problema  é em relação à documentação do terreno, que faz com que a situação se agrave. No final do ano passado, o secretário de Planejamento, João Almeida Júnior, disse em entrevista à rádio Najuá que o terreno é uma área particular, em permuta com o município. Como os termos de recebimento não foram feitos corretamente e a empresa que fez a permuta com o munícipio tinha ações judiciais, o terreno foi penhorado.

IAP e MP deram um prazo final de até o dia 31 de maio deste ano para que a administração municipal encontre uma alternativa e encerre as atividades no aterro. Caso a prefeitura continue a despejar lixo no aterro após esse prazo, receberá  R$ 10 mil de multa por dia.

Conscientização

De acordo com a secretária de Meio Ambiente e Ecologia, Magda Adriana Lozinski, falta que a população se conscientize em relação à reciclagem. “Há poucas pessoas fazendo a seleção do material. Isso acaba interferindo muito na questão do aterro, na questão das cooperativas que sobrevivem disso. Às vezes brigam por causa de carga de material reciclado. Este é o ganha-pão. Falta conscientização. Se a população colaborasse mais, muito menos lixo estava indo pra lá”, disse.

Segundo ela, o aterro poderia ter uma sobrevida caso houvesse reciclagem. “Talvez não estaríamos na situação que estamos, se ao longo dos anos, a população estivesse fazendo a sua pequena parte”, disse.

Texto/Foto: Karin Franco/Hoje Centro Sul

 

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