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Diminui número de motoristas embriagados nas rodovias federais durante Carnaval

Balanço parcial da Polícia Rodoviária Federal mostrou que houve redução de 22% de motoristas flagrados embriagados. Psiquiatra explica efeitos que o álcool tem no organismo

21/02/2018

Diminui número de motoristas embriagados nas rodovias federais durante Carnaval

Legenda: Número de mortos em acidentes também diminuiu nas rodovias federais

A mistura de álcool e direção é uma das principais preocupações durante o feriado de Carnaval. Somente até a terça-feira (13)foram 1.497 motoristas autuados por embriaguez ao volante em rodovias federais em todo o país.No Paraná, foram 106 flagrantes de embriaguez.

Apesar de ser alto, o número é menor do que no ano passado: no mesmo período, 1.914 motoristas foram flagrados embriagados. Em comparação com este ano, houve uma redução de 22% nas rodovias federais.

Nas rodovias estaduais, houve aumento da realização de testes etilométricos, que dobraram neste ano em comparação ao ano passado. Ao todo, neste ano foram realizados 2.215 testes.

Efeitos                                     

Apesar de o número ter diminuído em relação ao ano passado, a mistura de álcool e direção continua a ser uma preocupação para as autoridades. Um dos principais fatores é o efeito que o álcool tem no organismo.

Segundo o psiquiatra Lucas Batistela, entre os efeitos estão o relaxamento e a sedação. “O etanol é uma substância depressora do sistema nervoso central e afeta diversos neurotransmissores no cérebro, entre eles o gama-aminobutírico (GABA) e o glutamato. O Gaba é o principal neurotransmissor inibitório do sistema nervoso central, leva ao relaxamento e a sedação do organismo da pessoa. Diversas partes do cérebro são afetadas por esse sedativo tais como as responsáveis pelo movimento, memória, pelo julgamento e pela respiração.A pessoa que faz um consumo do álcool ela perde muito a noção da realidade e perde a condição física motora de estar agindo frente alguma coisa”, explica.

Quantidade

A quantidade consumida diariamente também deve ser cuidada. O psiquiatra alerta que a quantidade ideal é de 0,04g por 100ml de sangue. “Todo mundo já ouviu falar que a gente tem que ter que ter uma dose alcoólica diária que é importante para circulação, para o coração. Isso realmente é verdade. O certo é tomar uma pequena dose de álcool. Mas essa dose é muito pequena, cerca de 0,04 gramas de álcool para cada 100 ml de sangue. Então é muito baixo. A maioria das bebidas que a gente encontra, uma dose pequena já extrapola essa pequena fração”, alerta.

Ele ainda explica que quanto mais a pessoa bebe, mais efeitos a bebida terá no corpo, até mesmo porções consideradas pequenas. “Uma ingestão maior que essa de 0,04g, uma 0,06g a 0,07g, a pessoa já tem uma diminuição acentuada de sua atenção. Não consegue focar tanto nas coisas. Fica mais dispersa, diminui a capacidade de julgamento para pensar numa ultrapassagem, diminui o senso crítico, pode ter briga de trânsito. A pessoa fica um pouco mais nervosa por pouca coisa, diminui a percepção da pessoa, ela foge da realidade, diminui o reflexo, não consegue reagir a uma freada brusca, uma coisa que precisa estar esperta. Diminui a coordenação motora, diminui a acuidade visual, equilíbrio, dá sonolência na pessoa. A pessoa fez uma viagem longa e bebeu, com certeza, vai acabar dormindo ao volante”, destaca.

Já uma dose maior ainda pode causar efeitos ainda mais graves. “Uma dose um pouco mais alta ainda causa desorientação, confusão mental, a pessoa realmente vai ter alucinações, ilusões visuais e auditivas, fica bem fora de si mesmo, pode levar à inconsciência, ao coma e até a morte, por bloqueio respiratório central. O álcool, apesar de parecer uma bebida tão inocente, é uma droga muito perigosa”, esclarece.

Comportamento

A ingestão de bebida alcoólica pode mudar o comportamento de um motorista. “Essa mudança no comportamento dos motoristas chega a ser radical. Os condutores alteram seu modo de agir, então, em situações que seu comportamento no trânsito seria prudente, se transforma num festival de imprudência e descumprimento das regras. O rapaz que dirigiria calmamente, respeitando o limite de velocidade, pararia nas sinalizações, no cruzamento, sob o efeito do álcool, apesar de estar com aquela visão meio turva, perdendo aquela noção de distância, está com a coordenação fraca, ele se acha o super-motorista”, relata.

Ingestão

O psiquiatra também alerta que o organismo demora em digerir o álcool. “Esse negócio de eu sei meu limite não existe porque a pessoa está ali tomando, está sentada, está tranquila, quando menos percebe ela passou da conta. Sem falar que você ingeriu o álcool, o álcool vai para seu estômago. Ele não é imediatamente absorvido, então quando você percebeu que está embriagado, o seu estômago ainda vai ter uma quantidade grande de álcool ali dentro que vai ser absorvido, que vai te deixar mais embriagado, mais alcoolizado ainda, e quanto maior a quantidade, mais alterações vai ter para aquela pessoa”, alerta.

Ele também destaca que existe diferença entre pessoas que não costumam beber muita bebida alcoólica e pessoas que costumam beber. Neste último caso, pessoas que consomem altas doses frequentemente podem ter mais tolerância. “O álcool gera uma neuroadaptação no cérebro, então quanto mais a pessoa consome aquele álcool, mais o nosso cérebro vai se adaptando àquelasdisfuncionalidades para estar aturando esse álcool. Mas isso também não quer dizer que a pessoa vai beber muito e dirigir também, porque ela pode não ter alterações sensitivas, mas há alterações motoras”, explica.

O psiquiatra ressalta que o consumo precisa ser realizado de modo consciente e responsável. “O álcool não é uma coisa inofensiva como todos pensam. O álcool é uma droga como todas as outras: tem seus malefícios e é um risco muito grande”, destaca.

Carnaval tem menos mortes no trânsito

Os balanços da Polícia Rodoviária Federal e pelo Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv) mostraram que houve menos mortes no trânsito durante o feriado de Carnaval.

Nas rodovias estaduais, reduziu o número de acidentes e mortes. Em 2018, foram 123 acidentes e oito mortes. Em 2017, foram 133 acidentes e 10 mortes. O número de feridos reduziu de 132 para 123 neste ano.

Nas rodovias federais, o número de mortes e acidentes também diminuiu. Até terça-feira (13) 249 acidentes graves, 87 óbitos em decorrência de acidentes de trânsito, números menores do que os do ano passado, onde foram registrados 309 acidentes graves e 131 óbitos.

No Paraná, a quantidade de acidentes nas rodovias federais ficou relativamente parecida com o ano passado. Neste ano foram 198 acidentes, contra 192 ocorridos no ano passado.

Já no número de óbitos, o Paraná teve uma redução de 55% nas rodovias federais. No ano passado, 20 pessoas morreram e neste ano, apenas nove

Texto/Foto: Karin Franco/Hoje Centro Sul

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