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Irati possui mais de 150 focos de aedes aegypti

Centro de Irati é a área com mais focos do mosquito que pode transmitir dengue, zika ou chikungunya. Na região, Irati e Imbituva são considerados municípios infestados, ou seja, são locais onde o vetor [mosquito] para a transmissão da doença existe

20/11/2017

Irati possui mais de 150 focos de aedes aegypti

Desde o início do ano já foram encontrados 152 focos do mosquito Aedes Aegypti em Irati, revela Reginaldo Strozienski, coordenador da equipe de agentes de endemias da Secretaria Municipal de Saúde.

Isso faz com que o Índice de Infestação Predial do Município esteja em 0,9%. O índice leva em conta o número de focos e o número de imóveis na cidade. Quando fica acima de 1%, o município já entra em estado de alerta, considerado um índice de infestação alto. “Por sorte não tivemos nenhum caso da doença. Temos o mosquito transmissor, mas não temos a doença. É preocupante com tantos focos positivos, se aparecer uma pessoa com a doença já é fácil de causar epidemia. Já tivemos diversos casos suspeitos da doença, mas nenhum confirmado”, relata.

O centro de Irati é a área com mais focos. “Tanto por ser uma área maior, das divisões do centro de endemias é a maior, tem quase 2 mil imóveis, e também pelo fato de ser mais área comercial. O pessoal não mora, chega para trabalhar e, às vezes, não se preocupa com a parte de fundo do terreno para ver como está”, comenta o  coordenador da equipe de agentes de endemias.

Reginaldo explica que não há local certo para que o mosquito se desenvolva. É necessária apenas água parada. “Para o aedes qualquer pouquinho de água é suficiente. A gente encontra algumas vezes em lona – na água que fica na lona, em copos descartáveis, pneus. Já nos vasos de plantas o pessoal criou o hábito de não colocar o pratinho embaixo”, disse.

As plantas também são alvo de inspeção, já que podem armazenar água. Segundo Reginaldo, já foram encontrados focos em bromélias e espada-de-são-jorge. Ele alerta que não há nada comprovado de que a bromélia ajude na prevenção do mosquito.  “Ainda não há nada comprovado cientificamente que a bromélia atrofia o mosquito e que ele não vai sair e se desenvolver”, disse.

Segundo Boletim Epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde, do dia 7 de novembro, desde agosto oito casos foram notificados como suspeitos de dengue e um caso suspeito de chikungunya. Os casos suspeitos ainda estão sendo analisadas pelos laboratórios.

Região

Segundo a 4ª Regional de Saúde, Irati e Imbituva são os dois municípios com focos de criação do mosquito. Os demais municípios não possuem registro de foco, mas continuam com o trabalho de prevenção à dengue.  “Imbituva e Irati são infestados, ou seja, o vetor [mosquito] para a transmissão da doença existe. O que pode acontecer aqui é uma pessoa contaminada em outra cidade vir com a doença e o mosquito picar essa pessoa e depois picar outra. Aí começa a circulação viral, porque você terá o mosquito infectado”, explica Kelly Kosloski, chefe da divisão da Vigilância em Saúde da 4ª Regional.

Ela utiliza o exemplo de Paranaguá, que sofreu uma epidemia no ano passado. De agosto de 2015 a julho de 2016 foram mais de 16 mil casos de dengue e quase 30 pessoas mortas por causa da doença. “A disseminação é muito rápida. É o que aconteceu em Paranaguá. Num dia não tinha nada e no outro dia estava em epidemia. Em uma semana ficaram em epidemia”, disse.

Kelly explica que em uma situação de epidemia, a saúde pública fica sobrecarregada e muitos casos são deixados para trás para dar atenção exclusivamente à dengue, por exemplo. “Isso demanda um combate muito mais intenso e estrutura física da nossa área da saúde. Vai precisar de hospital, leito, unidade básica atendendo 24 horas”, explica.

Para evitar isso, a 4ª Regional tem procurado capacitar os profissionais da região. Neste ano, profissionais da região e do estado estiveram em Irati recebendo orientações quanto às aplicações de bombas para realizar os bloqueios após as notificações e como identificar os possíveis criadouros.

População

Além de uma estrutura preparada para o combate à dengue, a participação da população é essencial para que o combate seja eficaz. “A população tem que estar consciente disso. Não temos como ter o controle de ir por casa a casa, limpar vasinho e copinho. Você está zelando pela tua saúde, dos teus filhos, dos teus vizinhos. No teu filho pode não picar, mas no teu vizinho sim. Isso é muito grave”, destaca a chefe da 4ª Regional de Saúde, Jussara Kublinski.

Diversas ações podem ser realizadas pela população. “Não deixar lixo acumulado nos terrenos, não jogar lixo no terreno, cuidar dos vasos de flor, cuidar atrás da geladeira que ainda tem o recipiente que ficam muito tempo sem jogar água, com água parada. Evitar todo tipo de criadouro artificial. Quem cria eles é o homem”, destaca Kelly.

Kelly ainda lembra que grande parte dos focos está em coisas jogadas fora. “80% dos criadouros é lixo. São os criadouros artificiais e lixo reciclável, principalmente. Potinho de margarina, tampinha de garrafa, plástico, garrafa, lixo acumulado nos terrenos”, alerta.

Reginaldo chama a atenção que muitos acabam limpando seus terrenos apenas quando o agente está fazendo a vistoria. “Acontecem casos dos agentes chegarem, baterem palmas e vê que é o agente e corre para dar uma arrumadinha. Acredito que depois da contratação dos novos agentes e o trabalho intensificado o pessoal vai se educar mais. O pessoal só vai limpar o quintal, só vai dar uma olhada nos vasos de plantas que tem, que possa acumular água, na hora que o agente está ali”, destaca.

Reginaldo também alerta que o mosquito vive preferencialmente em áreas urbanas, já que a fêmea do mosquito precisa de sangue para conseguir se reproduzir. “Comprovado cientificamente que 90% dos focos são em residências. Porque a fêmea do aedes se alimenta de sangue para amadurecer os ovos dela e fazer a postura”, explica. “A gente está entrando num período endêmico. A gente ainda não tem a doença em Irati, mas o pessoal vai para a praia, o pessoal começa viajar mais com as férias, então o risco é maior”, destaca.

Agentes

Outra situação destacada é o fato de que os agentes de endemias possuem mais funções além de eliminar os focos. Segundo Reginaldo, a eliminação é uma orientação para que os focos não se proliferem, mas a principal função é a orientação. “A função do agente não é ir lá e eliminar os focos da residência. A função é orientar. Ir lá, identificar e orientar”, explica.

Kelly ainda chama a atenção que o foco não é apenas na dengue, mas que os agentes ajudam a prevenir outras doenças que também são transmitidos por vetores como aranha e escorpião. “Os Agentes de Combate às Endemias não são só para a dengue, mas tem outras atividades. Eles fazem o combate do mosquito aedes, mas eles tem outras endemias para combater”, disse.

Atualmente, em Irati, são 28 agentes de endemias. Eles fazem as vistorias por setores, de modo que a cada dois meses eles consigam fazer a vistoria de todos os pontos da cidade.

Campanha

Com o objetivo de chamar a atenção da população quanto à necessidade da prevenção ao mosquito da dengue, a Secretaria de Saúde de Irati, por meio do Setor de Endemias, fará uma campanha neste sábado (18).

Profissionais estarão na Rua Munhoz da Rocha entre as 8h e 16h orientando à população em relação aos cuidados para a prevenção.

Às 10h acontecerá uma carreata com saída da Prefeitura Municipal e passará pela rua 15 de Julho, seguindo até a Rua Dr. Munhoz da Rocha, em direção à rotatória da Avenida Vicente Machado. Deste ponto segue para a rua Dr. Correia, até a rotatória, virando à esquerda para a Rua Expedicionário José de Lima, onde segue até a Rua Antônio. Em seguida prossegue até a Rua Trajano Grácia, onde segue até a rotatória, e deste ponto retornando para a Rua Trajano Grácia. O trajeto desce para a Rua Dezenove de Dezembro até a rotatória, dobrando para a Rua 15 de Julho, e encerrando na rua Dr. Munhoz da Rocha.

Multa

Apesar de ser um longo processo burocrático, imóveis que tenham focos do mosquito mesmo após diversas visitas dos agentes podem ser multados.

“À medida que é encontrado um foco positivo no imóvel é feito um ofício de que foi encontrado um foco positivo. Na segunda vez, a gente faz um termo de ciência, ele está ciente de que ali é um potencial criadouro. A partir da terceira vez é um termo de intimação, a partir da terceira vez a gente intima o proprietário do imóvel. Se desse termo de intimação não for cumprido, gera um processo administrativo, onde a primeira penalidade é a advertência. A partir disso, já irá gerar multa. Ainda não chegamos a multar, mas chegou à advertência”, alerta Reginaldo Strozienski.

Notificação

Conheça os passos em casos de notificação:

- Após sentir os sintomas associados à dengue, a pessoa procura o serviço de atenção básica;

- Com o diagnóstico de que há suspeita de dengue, o serviço de atenção básica comunica a Vigilância Epidemiológica sobre a suspeita;

- Enquanto há a espera do exame que confirma se a pessoa tem a doença ou não, a Vigilância Epidemiológica comunica a Vigilância Ambiental sobre a suspeita. O exame demora para ser confirmado porque ele testa para três doenças: dengue, zika e chikungunya;

- Mesmo sem confirmação, a Vigilância Ambiental juntamente com a Vigilância Epidemiológica realiza o bloqueio da doença, através da eliminação de larvas e através de bombas costais, que espalham uma espécie de veneno na casa ou nos locais em que a pessoa mais frequenta, como o trabalho. A ação é feita como forma de prevenir a proliferação da doença.

Texto: Karin Franco/Hoje Centro Sul

Fotos: Arquivo/Hoje Centro Sul e Karin Franco/Hoje Centro Sul

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