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Irati tem mais de 160 casos de doenças transmitidas por caninos

Dados da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de Irati que neste ano já são 163 casos de doenças transmitidas por caninos. Médicos-veterinários comentam sobre doenças transmitidas

09/10/2017

Irati tem mais de 160 casos de doenças transmitidas por caninos

O ano de 2017 já ultrapassou a metade de transmissões de doenças caninas registradas no ano passado. Segundo dados da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de Irati, em 2016 foram registrados 269 casos de transmissão de doença por caninos, que incluem cachorros e lobos. Neste ano, já foram registrados 163 casos. Os dados deste ano são referentes até a data 26 de setembro.

No entanto, não são apenas os caninos que transmitem doenças. Os dados também revelam que houve 11 casos de transmissão de doenças por gatos em 2016 e seis casos em 2017. Já por herbívoro doméstico (animais que consomem plantas vivas ou parte delas) foram dois casos neste ano, como no ano passado.

Entre as diversas doenças que os animais podem transmitir estão a leptospirose, a hantavirose e a raiva. As duas primeiras, segundo a Vigilância Epidemiológica, são mais comuns em épocas de enchente, o que não é o caso de Irati no momento.

Segundo a médica-veterinária, Ana Lucia Mazul Romanik, a raiva continua sendo comum na região. No entanto, a doença conhecida por ser transmitida pelos cachorros e gatos, tem tido outro transmissor: o morcego. “As pessoas começaram a se conscientizar sobre o perigo dela, e tomaram todas as prevenções [em relação aos animais domésticos]. Só que atualmente ela está sendo bastante transmitida por morcegos”, comentou Ana Lucia.

Os tratamentos são feitos de acordo com os sintomas que as pessoas apresentam. “Se ela está com insuficiência renal que é adquirida através da leptospirose, ela tem que se tratar urgentemente, pois é uma doença muito grave, que pode até levar a pessoa á morte. Após o contato com a leptospirose os sintomas começam a aparecer entre 1 a 7 dias”, explicou Ana Lucia.

Outra doença apontada pela médica-veterinária é a verminose, uma doença que é menos grave. As verminoses são transmitidas através do contato com as fezes do cão e do gato. A contaminação acontece com maior frequência nas crianças. “Principalmente quando brincam com cães e gatos, brincam no chão, na terra e na areia. O gato costuma enterrar as suas fezes na areia, a criancinha vai lá brincar na areia e entra em contato com as fezes do gato, os ovos dos vermes, consequentemente pequenininhos, microscópicos, ficam na mão da criança, embaixo das unhas. A criança acaba passando a mão na boca e leva esta contaminação dos vermes dos cães e dos gatos”, disse. Ela também apontou outra doença comum, mas que não é tão conhecida como sendo transmitida por animais: a conjuntivite. “Ela é transmitida através do gato doméstico”, explicou.

Caso a pessoa tenha algum contato com um animal de rua, a indicação é que procure um médico urgentemente. “Precisa procurar urgentemente um médico e constatar que não possui nenhum tipo de doença”, disse.

Centro de Zoonoses

Ana Lucia apontou que existe uma necessidade de uma construção de um Centro de Zoonoses em Irati. Uma das finalidades desse espaço, é evitar que haja a contaminação de doenças dos animais aos seres humanos. “Tem muitos animais de rua na região, e esse centro iria tirar eles da rua e evitar muitas doenças”, disse.

O médico-veterinário, Gilberto de Cuadros, também falou sobre a criação de um Centro de Zoonoses em Irati. “Falar em Centro de Zoonoses já implica em um investimento considerável, tanto material, quanto de recursos humanos, o poder público não só de Irati, mas como de outras cidades pequenas não se comprometem com isso, porque o investimento é grande”, explicou. Para ele é necessário um investimento grande, com um espaço que tenham profissionais que cuidem do animal durante o dia e a noite, além de equipamentos para atender a demanda.

Abandono de animais

Um dos problemas de Irati apontados por Gilberto é a fiscalização, já que há dificuldade para provar de quem é o animal. “Há a dificuldade de ver quem é o dono do animal, mesmo ele estando em frente à casa da pessoa”, disse.

Gilberto ainda destacou a necessidade do poder público participar desta questão, procurando, por exemplo, parceiras para realizar as castrações. “Se o poder público ou municipal tivesse uma estrutura mínima, com a colaboração de ONGs, de universidades, para castração, para trabalhar a posse responsável nos bairros”, explicou.

Ele ainda destacou que é importante a conscientização das pessoas para que vacinem os animais, de modo a evitar a transmissão de doenças em seres humanos, que pode ser mais caros à saúde pública em alguns casos.

O chefe do setor de Vigilância Sanitária da 4ª Regional de Saúde de Irati, Walter Henrique Trevisan, comentou sobre a situação dos cachorros de rua. Para ele é necessário pensar a médio, a longo e a curto prazo. “A impressão que temos aqui em Irati é que as coisas são pra hoje, as pessoas tem que pensar a longo prazo também. Nós tivemos um exemplo de Mallet que fez um trabalho de curto prazo e longo prazo, foram as castrações, um trabalho de castração que fez nas fêmeas”, disse.

Conscientização

Walter destaca                 que além da conscientização do poder público, é necessária a conscientização da própria população quanto à responsabilidade de cuidar de animais. Um dos exemplos citado é o de Mallet que realizou um trabalho de conscientização em crianças. “Foi feito um trabalho educativo nas escolas, foi disponibilizado um material audiovisual para tentar sensibilizar as famílias de como cuidar de seus animais”, comentou.

Para Walter, é preciso que as pessoas aprendam a viver em sociedade, olhando também para as responsabilidades. “Nós fazemos parte dessa sociedade. Nós temos que aprender a viver em comunidade. O meu não se sobrepõe ao coletivo, o eu fica fora disso, nós somos coletividade e temos que pensar no coletivo, então não adianta tentar achar um culpado para isso. Não tem culpado, a culpa é de todos nós que deixamos chegar nesse ponto”, alertou.

Animais em Irati

O município de Irati possui duas leis que falam a respeito da posse responsável de um animal doméstico. Uma delas, a lei nº 4233, foi criada ano passado junto com o Plano Diretor e estabelece regras de criação de animais, além de implantar um Programa Municipal de Proteção Animal. A outra é a lei nº 005/2017 que estabelece multa de até R$ 500 para quem abandonar animais.

Mesmo com as leis, o município ainda não consegue colocar em prática. Em março, Magda Adriana Lozinski, na época secretária de Ecologia e Meio Ambiente (atualmente de licença), comentou que o município não tinha recursos financeiros suficientes.

Atualmente, a ONG Amigo Bicho continua a realizar um trabalho de proteção animal, com subsídios do município. No entanto, o valor ainda não é suficiente para cobrir o total de despesas.

Texto: Da Redação/Hoje Centro Sul

Fotos: Ciro Ivatiuk e Bruno Vivi /Hoje Centro Sul

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